terça-feira, 13 de agosto de 2013

Na Mira de 007: Parte 12 - Um Novo Roger Moore


007 – Somente para Seus Olhos (For Your Eyes Only, 1981)
O filme anterior havia ajudado a transformar o agente secreto em um super-herói espacial. Mesmo tendo sido um sucesso de público, o produtor Albert Broccoli sentiu que precisava retornar às raízes, encontrar-se novamente com o personagem idealizado por Ian Fleming. O primeiro passo dado foi a importante escolha de quem iria comandar o novo filme, quem seria o responsável por dar o novo tom a ser utilizado nos próximos projetos. Acertadamente decidiram-se por John Glen, um experiente editor de filmes de ação, que havia dirigido magistralmente a sequência da perseguição de trenós do filme de 1969: “A Serviço Secreto de sua Majestade”. O diretor foi o responsável por incutir na série um tom mais ameaçador, com cenas de ação de tirar o fôlego.

O roteiro criado por Richard Maibaum seria uma colcha de retalhos, incluindo trechos da antologia de contos original: “For Your Eyes Only”, “Risico” e de “Live and Let Die”. Na trama, um navio espião inglês dotado de um poderoso dispositivo secreto, o A.T.A.C., capaz de orientar o lançamento de mísseis nucleares da frota de submarinos britânicos é misteriosamente atacado e vai parar no fundo do mar Jônico, na costa da Albânia. O governo britânico pede ajuda a um renomado arqueólogo grego no intuito de encontrar o dispositivo antes que ele caia em mãos erradas. Porém, em um ataque terrorista, o arqueólogo é assassinado junto com sua esposa. Sua filha, Melina Havelock (interpretada pela linda modelo francesa Carole Bouquet) decide se vingar dos responsáveis pelo ato sórdido. Seu caminho irá se cruzar com o de James Bond, que havia sido enviado para resgatar o dispositivo. Além do auxílio de Melina, o herói ainda contará com o reforço do contrabandista grego Milos Columbo, vivido por Chaim Topol. O vilão desta vez é inescrupuloso, mas bastante diferente dos que costumam aparecer na franquia, pois age por trás dos panos. O contrabandista e traficante de armas e drogas Aris Kristatos (Julian Glover) se esconde atrás de seus dois comparsas Locque (Michael Gothard) e Kriegler (John Wyman).

Roger Moore já com cinquenta e três anos de idade, sentia-se um pouco constrangido por conquistar somente com o olhar e poucas insinuações, mulheres trinta anos mais novas. A solução encontrada pelos roteiristas foi trazer soluções cômicas para algumas cenas, como quando a jovem patinadora protegida de Kristatos: Bibi (Lynn-Holly Johnson) tenta seduzir o agente, desnudando-se e deitando-se em sua cama. Estupefato, o espião pede que a jovem se vista, pois ele irá lhe comprar um sorvete. Com a clara intenção de trazer de volta elementos dos filmes antigos, o produtor inseriu logo na sequência pré-títulos uma cena onde o herói visita o túmulo de sua esposa Teresa, que havia sido assassinada por Blofeld na produção “A Serviço Secreto de sua Majestade”, doze anos antes. Logo em seguida, uma versão propositalmente caricata do vilão em sua cadeira de rodas irá perseguir 007, sendo jogado em seguida de um helicóptero numa chaminé para a morte certa. A breve sequência, que inclui até mesmo uma mensagem cifrada, dita pelo vilão pouco antes de falecer, foi a maneira que o produtor encontrou para afirmar que o sucesso da série não dependia de seu rival Kevin McClory, que após os problemas judiciais ocorridos na produção do filme “Thunderball”, tornou-se proprietário dos direitos de imagem do vilão Ernst Stavro Blofeld e da organização S.P.E.C.T.R.E. Claro que o revide viria pouco tempo depois, na forma da refilmagem não-oficial “007 – Nunca Mais Outra Vez”, mas isso é tema para o próximo texto. 

A trilha sonora ficou a cargo do compositor Bill Conti, tendo sua bela música-tema sido cantada por Sheena Easton. A beleza da cantora encantou Maurice Binder, que a inseriu, pela única vez na história da série, na sequência de créditos iniciais. O filme rendeu 195 milhões de dólares no mundo todo e é um dos melhores da franquia. Méritos para o diretor John Glen, que conseguiu trazer um pouco mais de seriedade à versão do agente interpretado por Roger Moore, fazendo-o tomar parte em cenas brutais, como a do carro do vilão Locque no desfiladeiro, onde um chute certeiro de 007 foi o suficiente para que o automóvel caísse penhasco abaixo. Moore não queria gravar a cena, pois ia contra sua abordagem, porém Glen o confrontou e o persuadiu, garantindo com sua coragem e competência o comando das próximas quatro produções da franquia. Porém, um concorrente estava à espreita...

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