O Incrível Homem que Encolheu (The Incredible Shrinking Man
– 1957)
O escritor Richard Matheson é o responsável por algumas das
melhores obras fantásticas já criadas, como “Em Algum Lugar do Passado” (Bid
Time Return / Somewhere in Time), “Amor Além da Vida” (What Dreams May Come) e
“O Incrível Homem que Encolheu” (The Shrinking Man). Dirigido por Jack Arnold, o filme deslumbrou o público da
época com suas proezas técnicas, que conseguiram retratar de forma brilhante o
pesadelo Kafkiano vivido pelo trágico protagonista. Scott Carey (Grant Williams)
leva uma vida tranquila com sua amada esposa Louise (Randy Stuart), até que ele
atravessa um espesso nevoeiro em um relaxante passeio de barco. Gradativa e
lentamente, ele começa a encolher, o que o leva a uma crise existencial.
Existem várias cenas que considero brilhantes, como aquela
em que ele discute com sua esposa no carro, logo que começa a perceber seu
problema. Pequenos detalhes, como quando sua aliança cai de seu dedo (um dos
sinais de sua nova condição física) após a discussão. O emocionante monólogo
final (escrito pelo diretor), que responde a eterna pergunta de Scott: “Ainda
sou humano?”. Acima de tudo, a ousadia de utilizar um tema que teria tudo para
ser tratado de forma boba ou infantil, adicionando a ele elementos psicológicos
e questionamentos atemporais. Dificilmente o tema seria tratado com a mesma
densidade no cinema moderno, onde seria retrabalhado para algo divertido como
“Querida, Encolhi as Crianças”.
Quer uma dica? Antes de assistir o filme, leia (ou releia) o
conto “A Metamorfose” (de Franz Kafka), em que um homem desperta de uma noite
de sono para descobrir-se inexplicavelmente transformado em uma barata. Não
somente pelo prazer da leitura combinada ao filme, mas também para perceber as
semelhanças e diferenças (Kafka faz com que seus familiares lhe rejeitem,
enquanto a esposa de Scott mantém-se fiel ao seu lado) entre seus dois
miseráveis personagens. Sem dúvida, um dos filmes
mais interessantes da década de 50.
O Segundo Rosto (Seconds – 1966)
Em sua essência, um pesadelo Faustiano dos mais
assustadores. Uma resposta corajosa para a eterna questão: o que você faria se
lhe fosse ofertada uma segunda oportunidade na vida? É o que descobre o
personagem vivido por John Randolph, quando é convidado a participar de um
enigmático projeto. Já tendo passado dos cinqüenta anos e dedicado toda sua
vida ao trabalho exaustivo, possui uma oportunidade única de renascer com uma
nova identidade. Com o auxílio de cirurgias plásticas, recebe sua jovialidade
de volta e a liberdade para evitar cometer os mesmos erros.
Rock Hudson interpreta o personagem após o renascimento, com
uma entrega raras vezes experimentada pelo ator, acostumado na época ao
conforto dos papéis de galã. Sua interpretação é auxiliada pela câmera instável
de John Frankenheimer, fundamental para que nos envolvamos na atmosfera onírica da
obra.
O filme (como todos à frente de sua época) não fez sucesso
em sua estreia. Chegou a ser vaiado em Cannes. Visto hoje, com sua fantástica
abertura idealizada pelo genial Saul Bass, uma trilha perfeita de Jerry
Goldsmith e uma fotografia impecável de James Wong Howe, se apresenta
incrivelmente atual, tocando fundo no questionamento de como a sociedade é
estruturada.
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