A RKO Pictures foi o primeiro grande estúdio criado
após o nascimento do cinema falado. Nada mais justo que focarem-se em seus anos
iniciais no carisma de Fred Astaire e Ginger Rogers, uma década antes da
revolução iniciada na Broadway com “Oklahoma”.
Os primeiros musicais do estúdio eram verdadeiros experimentos (o tempo não favoreceu as obras), mas a sorte levaria um
coadjuvante a modificar os rumos da RKO e de todo o gênero musical. Frederick Austerlitz, veterano da Broadway, constava na lista de pagamento do filme:
“Voando para o Rio” (Flying Down to Rio – 1933), em uma pequena participação
como líder da banda. Dentre as várias jovens que buscavam uma oportunidade de
aparecerem na produção (mesmo que por alguns minutos), Frederick escolheu a
bela Virginia Katherine McMath, com quem já havia trabalhado em uma coreografia
anos atrás na Broadway. Os astros da produção eram Dolores Del Rio e Gene Raymond,
que declaravam seu amor de forma pouco brilhante, enquanto que Frederick e
Virginia iluminavam a tela nos seus poucos momentos em cena (normalmente como
alívios cômicos). Tudo se modificou na cena de dança da dupla (“The Carioca”), pelas lentes mágicas do cinema, Frederick e Virginia tornaram-se Fred
Astaire e Ginger Rogers, esbanjando carisma e uma forte
atração sexual, sutilmente demonstrada em trocas de olhares e suspiros, que
tomaram de assalto a sociedade da época. Uma pequena cena, uma frase em um
roteiro, acabou tornando-se a razão pela qual a modesta produção é lembrada até
hoje, quase oitenta anos após sua estreia. O público queria saber mais sobre
aquele casal e a RKO viu-se na feliz obrigação de conceder a eles maior destaque
no filme seguinte.
Os musicais que compuseram a “Fórmula Astaire-Rogers”
possuíam tramas ingênuas e eram artesanais, pioneiras na integração entre
diálogo, música e dança como forma eficiente de desenvolver personagens e
contar uma história. O tempo não foi benevolente com a trama de muitos destes
filmes, mas as danças continuam a exercer o mesmo fascínio e emoção. Os
melhores compositores da época (Jerome Kern, Cole Porter e Irving Berlin, entre
outros) emolduravam estas produções com uma elegância que se amalgamava à
classe da dupla em cena, formando uma combinação ainda não igualada até hoje. Ao todo, foram dez produções realizadas entre 1933 e 1949. Estas são as minhas
quatro favoritas:
TOP
1 – Ritmo Louco (Swing Time – 1936)
Um dançarino e apostador viaja a Nova York para levantar a
quantia necessária para poder se casar com sua noiva. Chegando lá, ele acaba se
envolvendo com uma bela dançarina novata. Dirigido por George Stevens e com
canções compostas por Jerome Kern, como “The Way you Look Tonight” e “A Fine
Romance”.
2 – Ciúme, Sinal de Amor (The Barkley´s of Broadway – 1949)
Astaire é o dançarino Josh Barkley. Rogers é sua esposa,
Dinah, que pensa em trocar o sapateado pelas peças de teatro. Quando ela parte,
Josh se esforça para tê-la de volta. Primeiro filme estrelado por Fred Astaire
e Ginger Rogers após uma ausência de dez anos. À época, diziam que a história
era um retrato fiel das tensões criativas compartilhadas por ambos na vida
real. Dirigido por Charles Walters e com canções compostas por Ira e George
Gershwin, como “They Can´t Take that Away from Me” e “You´d be Hard to Replace”.
3 – O Picolino (Top Hat – 1935)
Em Londres, Jerry Travers (Fred Astaire), um dançarino
americano, está ensaiando um número de sapateado em seu quarto de hotel, pois
foi contratado para fazer um show. Entretanto, ele acaba incomodando a bela Dale
Tremont (Ginger Rogers), a vizinha do quarto de baixo. Logo, ambos começam a se
apaixonar. Dirigido por Mark Sandrich e com canções compostas por Irving
Berlin, como “Cheek to Cheek” e “Top Hat, White Tie and Tails”.
4 – Vamos Dançar? (Shall We Dance – 1937)
Linda Keene é uma louvada dançarina de balé. Petrov é um
exímio sapateador. O sonho dele é realizar uma apresentação artística ao lado
dela e, após espalhar um rumor de que ele era casado com Linda, o
relacionamento entre os dois fica confuso. Dirigido por Mark Sandrich e com
canções compostas por Ira e George Gershwin, como “They Can´t Take that Away
from Me” e “Let´s Call the Whole Thing Off”.
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