A Dança dos Vampiros (The Fearless Vampire Killers - 1967)
Ontem revi após alguns anos e pude constatar que o tempo foi muito generoso com o senso de humor, que mantém seu
charme, e com a direção, que não envelheceu. Até mesmo a opção de iniciar o
filme com créditos em animação (o leão da MGM se transforma em um vampiro, cujo
sangue escorre de seus dentes e atravessa os letreiros), que foi imposição do
estúdio, algo que o diretor odiou, funciona ao estabelecer o clima (auxiliado
pela trilha de Krzysztof Komeda) desta brincadeira com os filmes de terror dos
estúdios "Hammer" (que vivia seu auge, com Christopher Lee vivendo
"Drácula").
Roman Polanski quase viu sua carreira ser destruída por este
projeto, fracasso de pública e crítica (vale salientar, uma versão
severamente cortada pelos produtores). Salvou-se graças à obra-prima "O
Bebê de Rosemary", lançada no ano seguinte. Geralmente quando se fala da
filmografia do franco-polonês, ignoram esta pérola que reflete com vitalidade
sua época. Polanski vive o medroso e desastrado Alfred, assistente do professor
Abronsius (o hilariamente estereotipado Jack MacGowran, que viveria em seu
último papel no cinema, o alcoólatra Burke, em "O Exorcista"), um
especialista em identificar vampiros. A trama garante um sorriso constante, mas
entrega pelo menos dois momentos de causar gostosas gargalhadas: o pouco
confortável lugar que o vampiro bonachão (vivido por Alfie Bass) e
"sem-teto" escolhe para se abrigar durante a noite e a falta de
atenção de Alfred com seu mestre, deixado ao relento e entalado em uma janela.
Gosto bastante de uma cena pequena onde o vampiro judeu, ao surpreender sua
vítima ostentando um crucifixo em sua direção, simplesmente afirma: "Oh,
você pegou o vampiro errado". O desfecho (que não revelarei) é a ironia
perfeita, criativa e inesperada.
Como era bela a Sharon Tate (que vive a ruiva Sarah)!
Polanski a conheceu durante as filmagens (ele havia tentado escalar Jill St.
John, razão da peruca ruiva) nos Alpes italianos e se apaixonou. A tragédia que
abalaria profundamente a vida do diretor (o assassinato de Tate, que estava
grávida, pelas mãos de membros da seita de Charles Manson em 1969), não fez com
que ele rejeitasse a obra. Ele afirmou alguns anos atrás que se lembra do filme
com muito carinho, como sua melhor criação, aquela em que se divertiu
mais.
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