Quem não tem um guilty pleasure, que atire a primeira pedra...
O que mais acontece quando alguém se propõe a citar seus
guilty pleasures (prazeres com culpa) é esbarrar em obras que são de
um gênero que não lhe agrada, mas isso não significa que seja um filme ruim,
pode até ser um clássico respeitadíssimo. Como amo verdadeiramente todas as
variações da Sétima Arte, irei corajosamente citar os filmes que todo mundo
odeia, mas que eu adoro.
Sou um grande fã da série idealizada por Sylvester Stallone:
Rocky. Racionalmente consigo visualizar a superioridade técnica do primeiro
filme, porém os que assisto com mais freqüência são o segundo e o quinto. Não
me entendam mal, adoro “Rocky – Um Lutador”, mas me emociono sempre que assisto
aquela cena em “Rocky 5”, quando já perto do final, nosso herói se levanta do
chão atendendo o pedido de seu treinador. A montagem desta seqüência é
memorável, com Burgess Meredith (em flashback) dizendo que o ama, enquanto um
trem passa e Stallone levanta com um sorriso no rosto... Quer guilty maior que este?
Falando em heróis de ação, dentre todos os filmes
protagonizados por Jean Claude Van Damme, os fãs sempre elegem como melhor “O
Grande Dragão Branco” ou “Kickboxer”, então o que explica eu passar uma
madrugada insone assistindo “Street Fighter”? Eu sei que é péssimo, mal atuado
ao extremo e bizarro na maior parte do tempo, mas aquele espetáculo grotesco me
atrai hipnoticamente.
Com relação aos musicais é que a coisa pega. Conheço pessoas
que preferem “Grease 2” ao original, o que sinceramente não entendo. Já eu
adoro assistir “Os Embalos de Sábado Continuam”, com a direção de Sylvester
Stallone e com músicas dos Bee Gees, que não conseguiram repetir o sucesso das
clássicas “How Deep is Your Love” e “Staying Alive”. Eu reconheço a
superioridade tremenda do original, mas dentre os dois, o que mais coloco para
assistir no DVD Player é esta pérola trash dos anos
oitenta, com um John Travolta anabolizado e um roteiro truncado.
Adoro “O Planeta dos Macacos” de 1968, acho uma obra
perfeita. Porém o lado emotivo do meu cérebro me leva a assistir com mais
freqüência suas continuações: “A Fuga do Planeta dos Macacos” e “A Conquista do
Planeta dos Macacos”. Quando criança, houve uma febre onde todos os garotos
curtiam “Gremlins”, mas eu sempre preferi sua versão “genérica”: “Criaturas” (Critters).
Aliás, nesta época era comum criarem versões pobrinhas de sucessos de público.
Nunca me esqueço de uma cópia de “E.T.” chamada: “Mac – O Extraterrestre” (Mac
and Me). Mas neste caso, sempre preferi o clássico de Spielberg. Falando em
Spielberg, lembro que em todas as suas entrevistas, ele exibe repúdio pela
segunda incursão de Indiana Jones nas telas... Logo a minha favorita! Considero
“Indiana Jones e o Templo da Perdição” o melhor da trilogia, com um tema
sombrio e aquele menino: Short Round, que na versão original tem uma
voz chatíssima e que é favorecido pela espetacular dublagem nacional. Puxando pela memória me lembro ainda de “Comando para
Matar”, onde o Schwarzenegger joga um cano de gás no meio do peito do vilão.
“Aracnofobia” e “A Hora do Lobisomem” (ou “Bala de Prata”), que eu via semprequando
criança. “Splash – Uma Sereia em minha Vida” que eu sempre considerei subestimado.
Chuck Norris! Um homem que se tornou uma referência popular na internet, mas
que sempre foi execrado pela crítica mundial. Assumo que gosto bastante de
“McQuade – O Lobo Solitário” e de “Invasão U.S.A.”. Não são exemplos de
cinematografia bem realizada, porém divertem bastante. Em “Lobo Solitário”,
Norris protagoniza uma batalha final contra David Carradine que vale pelo filme
todo. E o que falar da violência absurda que ele deflagra em “Invasão U.S.A.”,
onde ocorre um incrível duelo com os guerreiros urbanos munidos de bazucas.
Isso sem mencionar que o personagem passa o filme inteiro praticamente matando
todo mundo, sem nenhum aprofundamento na caracterização. Reflexo de uma época
de neurose coletiva dos americanos do pós-Vietnã. Pode ser péssimo, mas se
estiver passando na televisão eu paro para assistir.
Acham que eu já atingi o fundo do poço? Ledo engano.
“Mestres do Universo” (Masters of the Universe – 1987), mais uma picaretagem da
dupla de produtores Menahem Golam e Yoram Globus, desta vez mirando o
imaginário coletivo infantil. Se já não bastava terem destruído um mito mundial
em “Superman 4 – Em Busca da Paz”, eles desta vez atacaram He-Man. Eu era
criança na época em que o filme apareceu, lembro que meu pai trouxe da locadora
e eu fiquei todo empolgado para ver. O filme simplesmente não tinha nada a ver
com o desenho animado. O personagem principal (vivido pelo Dolph Lundgren) não
era o príncipe Adam, era apenas o cara que arrebentou com o Rocky Balboa, só
que mais falante e com o cabelo maior. Não tinha Gato Guerreiro. Isto era muito
frustrante para uma criança. E o pior de tudo era o vilão, que ao final
retornava triunfante e afirmava: “Eu voltarei”. Até hoje nada. Pura propaganda
enganosa. Mas agora vem a informação mais importante: Eu comprei o DVD de
“Mestres do Universo”. Como eu fiz isso? A grande realidade é que aprendi a
gostar deste filho bastardo e me surpreendo assistindo nas madrugadas insones.
Mesmo que seja só pra ver a Courteney Cox (de “Friends”) pagando mico em início
de carreira.
“Querida, Encolhi as Crianças” é outro filme que adoro,
assim como “Olha Quem Está Falando” e “Mortal Kombat”. Eu falei isto em voz
alta? Sim, me divirto muito com a falta de habilidade gritante de Paul W.S.
Anderson na direção da adaptação do videogame mais violento de sua época.
Aquela música eletrônica contrastando com aquelas coreografias de luta ganham
minha atenção. E o final então? Chego a arrepiar quando o Rayden (Christopher
Lambert) responde à ameaça do imperador Shao Kahn com um tímido e clichê: “Eu
acho que não!” Todos os heróis fazem pose de combate e o filme acaba. A reação
emocional é tacar o sapato na tela da televisão com raiva, porém a música
eletrônica (pegajosa como chiclete) volta e acalma os ânimos. E pergunte se
tenho o DVD desta pérola?
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