quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Guilty Pleasures - "Férias do Barulho"


Férias do Barulho (Private Resort – 1985)
A balada romântica escolhida para emoldurar os créditos finais em berrante azul, “Summer Eve” (de Bill Wray) e seus intermináveis: “na-na-na-na, ô-ô-ô-ô”, já deixam bastante claro o tom desta comédia adolescente. A excelente dublagem conduzida pela Herbert Richers, com a impagável dupla Nizo Neto e Mário Jorge irrepreensíveis como (respectivamente) Johnny Depp e Rob Morrow, sendo acompanhados pelos talentos de Mônica Rossi, Marisa Leal, Vera Miranda, Maria Helena Pader e Silvio Navas, formando o que eu considerava na época o “dream team” da dublagem carioca (este é um dos casos em que a dublagem melhorou o produto original). Não havia nada melhor que chegar da escola e assistir este filme nas tardes do SBT. Politicamente incorreto hoje, era comum assistirmos filmes com mulheres seminuas às duas da tarde. Como qualquer pré-adolescente, eu chegava até mais próximo da tela quando estes filmes começavam. Muito antes de eu descobrir o fascínio das madrugadas da rede Bandeirantes e seu bloco “Sexta Sexy” (muito antes das televisões a cabo e da internet), a sensual picardia se resumia às pornochanchadas nacionais que o SBT exibia nas noites de Domingo e estas comédias teen, quase sempre ambientadas em ensolaradas colônias de férias. Elas eram o equivalente ao Carlos Zéfiro da geração anos oitenta.

O caso é que revi recentemente este filme e me surpreendi com as gargalhadas praticamente ininterruptas. Diferente de quase todas as comédias teen da época, que revi anos depois e constatei que não resistiram ao tempo (ou à minha maturidade), “Férias do Barulho” continuava tão eficiente quanto na primeira vez que o assisti. Acho até que mais, pois muitas situações eu não captava em sua totalidade na época, provavelmente porque estava mais focado em admirar a esporádica (e aguardada) nudez da eterna “policial Callahan” (Leslie Easterbrook) de “Loucademia de Polícia” (outro filme que eu adorava). Eu me peguei rindo alto em cenas que eu racionalmente percebi serem ruins, porém constatei feliz que elas funcionavam em sua proposta.

Um dos méritos da obra de George Bowers (que viria a trabalhar novamente em um projeto com Depp, como editor em “Do Inferno”, de 2001) é conseguir fazer você sentir que está naquele resort com a dupla de protagonistas. O roteiro episódico não explica absolutamente nada sobre nenhum personagem, mas isto não impede que você se sinta parte daquele universo pelo curto tempo de duração. Como não sorrir com a revelação de Shirley (Hilary Shepard) em seu culto ao guia espiritual “Baba Rama Nana”? Faço questão de relevar todas as falhas do filme, pelas gargalhadas que dou acompanhando as desventuras dos desastrados jovens tentando esconder a esposa bêbada e seminua de um troglodita, enquanto aquele tema musical pegajoso (“Ba Ba Ben”, de Bill Wray) emoldura a ação. Essencialmente ruim, mas extremamente divertido para quem viveu aquela época e se imaginava na pele daqueles jovens, torcendo para chegar aos dezoito anos. 

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