Férias do Barulho (Private Resort – 1985)
A balada romântica escolhida para emoldurar os créditos
finais em berrante azul, “Summer Eve” (de Bill Wray) e seus intermináveis: “na-na-na-na,
ô-ô-ô-ô”, já deixam bastante claro o tom desta comédia adolescente. A excelente
dublagem conduzida pela Herbert Richers, com a impagável dupla Nizo
Neto e Mário Jorge irrepreensíveis como (respectivamente) Johnny Depp
e Rob Morrow, sendo acompanhados pelos talentos de Mônica Rossi, Marisa
Leal, Vera Miranda, Maria Helena Pader e Silvio Navas,
formando o que eu considerava na época o “dream team” da dublagem carioca (este
é um dos casos em que a dublagem melhorou o produto original). Não havia nada
melhor que chegar da escola e assistir este filme nas tardes do SBT.
Politicamente incorreto hoje, era comum assistirmos filmes com mulheres
seminuas às duas da tarde. Como qualquer pré-adolescente, eu chegava até mais
próximo da tela quando estes filmes começavam. Muito antes de eu descobrir o
fascínio das madrugadas da rede Bandeirantes e seu bloco “Sexta Sexy” (muito
antes das televisões a cabo e da internet), a sensual picardia se resumia às
pornochanchadas nacionais que o SBT exibia nas noites de Domingo e estas
comédias teen, quase sempre ambientadas em ensolaradas colônias de férias.
Elas eram o equivalente ao Carlos Zéfiro da geração anos oitenta.
O caso é que revi recentemente este filme e me surpreendi
com as gargalhadas praticamente ininterruptas. Diferente de quase todas as
comédias teen da época, que revi anos depois e constatei que não
resistiram ao tempo (ou à minha maturidade), “Férias do Barulho” continuava tão
eficiente quanto na primeira vez que o assisti. Acho até que mais, pois muitas
situações eu não captava em sua totalidade na época, provavelmente porque
estava mais focado em admirar a esporádica (e aguardada) nudez da eterna
“policial Callahan” (Leslie Easterbrook) de “Loucademia de Polícia” (outro
filme que eu adorava). Eu me peguei rindo alto em cenas que eu racionalmente
percebi serem ruins, porém constatei feliz que elas funcionavam em sua
proposta.
Um dos méritos da obra de George Bowers (que viria a
trabalhar novamente em um projeto com Depp, como editor em “Do Inferno”, de
2001) é conseguir fazer você sentir que está naquele resort com a dupla de
protagonistas. O roteiro episódico não explica absolutamente nada sobre nenhum
personagem, mas isto não impede que você se sinta parte daquele universo pelo
curto tempo de duração. Como não sorrir com a revelação de Shirley (Hilary
Shepard) em seu culto ao guia espiritual “Baba Rama Nana”? Faço questão de
relevar todas as falhas do filme, pelas gargalhadas que dou acompanhando as
desventuras dos desastrados jovens tentando esconder a esposa bêbada e seminua
de um troglodita, enquanto aquele tema musical pegajoso (“Ba Ba Ben”, de Bill
Wray) emoldura a ação. Essencialmente ruim, mas extremamente divertido para
quem viveu aquela época e se imaginava na pele daqueles jovens, torcendo para
chegar aos dezoito anos.
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