terça-feira, 13 de agosto de 2013

Na Mira de 007: Parte 11 - James Bond Conquista o Espaço


007 Contra o Foguete da Morte (Moonraker, 1979)
Em 1977 estreou nos cinemas a obra de um jovem diretor chamado George Lucas, uma saga espacial inovadora chamada “Star Wars”. O modesto filme lucrou mais de quarenta e cinco vezes o valor investido. O mundo do cinema nunca mais seria o mesmo. Os olhos do público agora visavam o espaço, ansiavam por novas batalhas cósmicas e exposição excessiva de efeitos especiais. Como o agente secreto iria encarar isto? A solução proposta pelo produtor Albert Broccoli era simples, levar o agente James Bond ao espaço sideral com o comando do diretor Lewis Gilbert. A intenção era nobre, mas provou-se um fracasso de crítica.

Na trama, o espião é encarregado de investigar o misterioso sumiço do Moonraker, uma moderna nave espacial capaz de entrar em órbita e retornar ao planeta como um avião. O principal suspeito do crime é Hugo Drax, vivido por Michael Lonsdale, o dono da empresa que construiu a nave. Seu intuito sórdido remete ao de seu antecessor Carl Stromberg, que no filme anterior queria criar uma sociedade submarina, novamente os produtores abusando no período dos extremos: anão/gigante, mar/espaço. Drax pretende destruir o planeta e criar uma nova raça perfeita. Seu comparsa Chang (Toshiro Suga) é apenas mais uma variação do capanga idealizado desde 1964 com Oddjob (em “Goldfinger”). Lois Chiles interpreta a Bond Girl Holly Goodhead, uma agente da CIA infiltrada nas empresas do vilão. Junto com a personagem do filme anterior, Triplo-X, Goodhead personifica uma tendência iniciada na metade dos anos setenta, que iria se afirmar ao longo da franquia, mulheres independentes e tão competentes quanto o herói. O filme é célebre por marcar a última participação do ator Bernard Lee como M, o superior de 007. O ator havia estado presente em todos os filmes da série, desde “Dr. No” de 1962.

Como uma das locações, a produção escolheu o Brasil, porém o país que aparece na tela assemelha-se pouco com o nosso. O espião é visto chegando no Rio de Janeiro a cavalo, vestindo poncho e chapéu, parecendo mais um bandoleiro mexicano dos Westerns italianos. Mas nem tudo ficou caricato. Todo o exotismo de nosso Carnaval foi captado, assim como a clássica cena de batalha entre Bond e Jaws (Richard Kiel) no tradicional Bondinho do Pão de Açúcar, um dos poucos pontos a se destacar no projeto. Mais fácil é falar do que não deu certo na produção, como a tentativa frustrada de transformar o ótimo vilão Jaws em um alívio cômico desnecessário e a fuga de Bond pela Praça de São Marcos em Veneza, utilizando uma gôndola que se transforma num veículo terrestre, que ultrapassa os limites do aceitável, mesmo levando em consideração tratar-se de um período mais fantasioso para a franquia, e não empolga. Tentaram repetir o êxito imagético do carro submarino do filme anterior, mas conseguiram apenas um momento de genuína vergonha alheia. Hugo Drax é quase uma cópia de Carl Stromberg, com objetivos similares, um desperdício de um ótimo ator. 

A sequência final apresenta uma batalha que só vendo para acreditar! Vários astronautas atirando lasers um ao outro, em pleno espaço sideral. Ao tentarem emular o sucesso do fenômeno mundial “Star Wars”, os produtores perderam a essência do que fazia o personagem ser um sucesso, exagerando na dose. Na trilha musical, outra vez Shirley Bassey não desaponta e entrega uma linda versão da canção-tema, composta por John Barry. O filme foi um sucesso de público, porém é reconhecido atualmente, com razão, como um dos piores da série. Era chegada a hora do personagem se reencontrar com sua essência, o agente original criado por Ian Fleming estava escondido debaixo de todo aquele ar de superprodução espacial. Mas para a próxima aventura, um tom mais sério seria utilizado.

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