O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (St. Elmo´s Fire –
1985)
A década de oitenta primou por uma enxurrada de filmes com
elencos adolescentes, invariavelmente abordando seus instintos sexuais em
comédias tolas. John Hughes conseguia expressar com maestria os questionamentos
e a turbulência da vida adolescente, fugindo do simplismo usual da época. O
diretor Joel Schumacher conseguiu bons resultados no divertido “Os Garotos
Perdidos” e neste que cito hoje. Imperfeito, porém marcante. Eu me lembro que na época em que assistia na “Sessão da Tarde”,
não gostava muito da trama, pois não conseguia me identificar em nenhuma
situação representada nela. Os jovens que hoje estão na casa dos trinta anos,
irão concordar comigo que a grande diversão para nós naquela época, era nos
imaginarmos como o protagonista (como já explicitei em outros textos da série)
e acreditarmos que os outros (colegas, professoras etc.) também percebiam esta
semelhança. “Heróis” universitários compunham uma realidade muito distante para
um garoto que ainda nem tinha completado dez anos. Claro que esta “distância
emocional” não influenciava na paixonite que sentia ao ver uma jovem Demi Moore
em cena, mesmo sem entender totalmente a jornada narrativa de sua personagem.
Somente alguns anos depois, foi que comecei a apreciar verdadeiramente o filme
(suas várias referências a Woody Allen, com certeza ajudaram neste processo).
O meu “avatar” era Kevin (Andrew McCarthy), um jovem
escritor introvertido que era platonicamente apaixonado pela namorada do amigo.
Não que eu estivesse apaixonado por uma namorada de algum amigo, mas eu já era
fascinado pela escrita (já havia vencido alguns concursos de poesia na escola),
era bastante introvertido e fiquei durante um bom tempo apaixonado pela Ally
Sheedy (que interpretava Leslie), que continuou estremecendo os pilares de meu
infante coração na obra prima de Hughes “O Clube dos Cinco”. Schumacher dirige com mão pesada, mas consegue criar
momentos de genuína beleza entre um exagero e outro. O tema central é a razão
de seu sucesso, pois quem não se identifica com a trajetória de um grupo de
amigos, que juntos sobrevivem a brigas e amores não correspondidos, como cegos
de mãos dadas numa enorme sala escura, chamada “vida”? Após um momento de
desespero, Rob Lowe (Billy) quebra a quarta parede e afirma: “todos nós
passamos por isto”, resumindo toda a mensagem do filme de forma eficiente.
Minutos antes dos créditos finais, somos apresentados a mais um grupo de
amigos, que habita o bar “St. Elmo´s” e o preenche com suas ilusões. Somos
parte deste fascinante ciclo de relações humanas, constantemente em
amadurecimento.
Como quero que terminem de ler e busquem ver, ou rever, o
filme, não irei me aprofundar muito no tema. Assistam e percebam as incríveis
semelhanças com o conceito da série “Friends”. Importante ressaltar que quando
o revi já na época de faculdade, enfim, na mesma sintonia dos personagens, a
beleza de Andie MacDowell e a pequena subtrama que protagoniza com Emilio
Estevez, monopolizaram minha atenção. É justo dizer que “O Primeiro
Ano do Resto de Nossas Vidas” foi responsável por três paixonites em três
momentos distintos na minha vida (Demi Moore, Ally Sheedy e Andie MacDowell), o
que já simboliza a importância da obra na minha jornada cinéfila.
Nenhum comentário:
Postar um comentário