Um Morto Muito Louco (Weekend at Bernie´s – 1989)
Como era bom chegar em casa depois da escola, ligar a
televisão e ver que teria “Um Morto Muito Louco” na “Sessão da Tarde”. Lembro
perfeitamente da sensação, que tantas vezes tentei emular assistindo o filme no
DVD, somente para constatar a impossibilidade de tal feito. A nostalgia
atravessa o peito, rápida como uma flecha, a memória parece resgatar alguns
segundos daquela época, mas tão logo ela nasce, esvai-se ao som das buzinas que
adentram pela janela. Ainda assim (acreditem), o esforço vale à pena. Aqueles
dois segundos preciosos, em que chegamos a sentir saudade até dos deveres de
casa e daquele angustiante suspense pré-provas.
A trama é simples e eficiente: dois amigos que trabalham em
uma seguradora descobrem uma fraude milionária nas apólices. Vendo nesta
descoberta uma chance perfeita para subirem de cargo na empresa, eles contam ao
temido chefe tudo que sabem. Ele os convida para passarem um final de semana
confortável na sua casa de praia, como prêmio pela eficiência. O que os dois
ingênuos jovens não sabem é que o chefe está envolvido nesta falcatrua. A
confusão começa quando os garotos chegam prontos para a festa de suas vidas,
mas acabam se deparando com o corpo de seu chefe assassinado.
Sua primeira meia hora apresenta alguns momentos que se
agarraram à minha memória emotiva, como o passeio romântico de Richard
(Jonathan Silverman) e Gwen (Catherine Mary Stewart). Ambos precisando berrar
para serem ouvidos, em meio a uma sinfonia de buzinas. Outro momento bacana
ocorre logo nos primeiros minutos de “atividade” do falecido Bernie (Terrie
Kiser), quando sentado no sofá de sua mansão à beira-mar, recebe uma multidão
de convidados bastante animados, que incrivelmente não percebem que ele está
morto (a hilária frase: “Meu Deus, será que eles não percebem que ele está
morto?”). Por trás da comédia bobinha, uma eficiente crítica à sociedade: todos
gananciosos, desejosos de usufruírem da riqueza do homem e dar-lhe tapinhas nas
costas, sem de fato o notarem. Vale ressaltar também o perfeito timing cômico
de várias cenas, como aquela em que Richard se prepara para beijar sua amada
(deitados na areia da praia), porém se vê interrompido ao descobrir a presença
do corpo de Bernie boiando no mar.
Pleno em humor negro e politicamente incorreto (saudade
deste tempo), o diretor Ted Kotcheff (que havia feito “Rambo – Programado para
Matar”) consegue explorar a mesma piada, por diferentes ângulos, sem nunca
cansar o público.
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