Feitiço Havaiano (Blue Hawaii – 1961)
Após prestar o serviço militar, um jovem (Elvis Presley)
volta para a casa dos pais em Honolulu, no Havaí, e começa, contra a vontade
deles, a trabalhar em uma agência de turismo.
Na década de cinquenta, o cantor participou de quatro filmes
que provaram para a indústria o alcance de seu carisma, além do potencial
milionário de conseguir sustentar sozinho uma produção. O público pagaria para
assistir Elvis em qualquer filme, não importasse o tema. Após seu retorno do
exército, teve seu talento como ator limitado por algumas escolhas equivocadas
de seu empresário, que gradualmente fizeram com que sua paixão pela atuação e
suas ambições no ramo cinematográfico fossem substituídas pelo intenso desejo
de retornar aos palcos. Mas em 1961 ainda existia aquele fascínio no olhar do
jovem, que acreditava poder se tornar um novo James Dean (seu grande ídolo no
cinema). A trilha sonora contava com o resgate de ótimas canções temáticas (“Blue
Hawaii” havia sido cantada por Bing Crosby em um de seus filmes da década de
trinta, “Hawaiian Wedding Song” é uma adaptação de “Ke Kali Nei Au”, composta
em 1926 para a opereta “Prince of Hawaii”), novidades empolgantes, como “Rock-A-Hula
Baby” e “Slicin´ Sand”, uma versão para o clássico espanhol “La Paloma” (que se
tornou “No More”) e “Can´t Help Falling in Love”, balada que se tornaria
emblemática na carreira do cantor, que sempre finalizava seus shows com ela.
Joan Blackman, a bela morena de olhos verdes (que repetiria
sua parceria com Presley em “Talhado para Campeão”), cuja personagem sofre com
o assédio feminino sobre seu namorado, um rapaz recém-saído do exército e que
deseja usufruir das belezas naturais do Havaí, mantendo-se o mais afastado
possível das pouco estimulantes responsabilidades profissionais incentivadas
pela sua neurótica mãe (Angela Lansbury em atuação caricata e impagável).
Tornar-se um funcionário na “Companhia Sulista de Frutas Havaianas” da família
é viver das glórias de outros, acomodar-se na sombra projetada pelos vários
anos de trabalho de seu pai. Chad Gates quer vencer por si próprio, fazendo o
que gosta. Qual adolescente não se identificaria com este dilema? O roteiro é
simples e objetivo, com espaço o bastante para a inclusão de várias canções,
que funcionam muito bem em seus contextos (algo que se tornaria cada vez mais
difícil de alcançar nos filmes que o cantor fez pós-1965). A direção do
experiente Norman Taurog (que faria com o cantor nove filmes, de uma carreira
iniciada na década de vinte) soube utilizar bem o carisma do protagonista,
colocando-o em situações onde pôde demonstrar seu senso de humor, sem nunca
desafiá-lo (algo que Michael Curtiz fez no excelente “Balada Sangrenta”).
Assistir os filmes de Elvis Presley na “Sessão da Tarde”,
imitando-o na frente do pequeno televisor, são lembranças inesquecíveis em
minha pré-adolescência.
Somos dois, amigo. Somos dois. SAUDADE NÃO TEM BRAÇOS, MAS DÁ UM APERTO!!!!!
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