007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (The Man with the
Golden Gun, 1974)
Na tentativa de consolidar o nome de Roger Moore no
subconsciente dos fãs da franquia, os produtores Albert Broccoli e Harry
Saltzman decidiram realizar o próximo filme com pouca verba (sete milhões
de dólares) e em tempo reduzido, com a direção de Guy Hamilton. Apenas
cinco meses após o final das filmagens do projeto anterior: “Live and Let
Die”, a equipe já estava se preparando para dar continuidade ao trabalho. O
corte nas despesas era notório, inclusive com reutilização de objetos de cena
dos filmes anteriores. Os produtores aproveitaram o “boom” de filmes de Kung-Fu
asiáticos, que dominavam a América, com a ascensão e recente falecimento de
Bruce Lee, inserindo as artes marciais no contexto imaginado por Ian Fleming.
Como base para a trama foi escolhido o último livro, considerado
por muitos o pior, de Ian Fleming, publicado em 1965: “The Man with the Golden
Gun”. Na aventura, uma bala dourada com a inscrição 007 chega à sede do
Serviço Secreto Britânico. As suspeitas recaem sobre o assassino profissional
Francisco Scaramanga. Conhecido por utilizar-se de uma pistola dourada para
completar seus serviços e por uma bizarra anomalia: um terceiro mamilo, o que
em algumas culturas é considerado um sinal de virilidade. Com a ajuda da
espevitada agente Mary Goodnight, o espião tenta impedir que um aparelho que
converte energia solar em eletricidade, o Solex, seja utilizado para fins
nefastos.
Para interpretar o vilão, foi chamado o eterno “Drácula” dos
Estúdios Hammer: Christopher Lee. No papel do fiel ajudante anão (inexistente
no livro e um sinal claro da postura menos austera do período) Nick Nack, foi
escolhido o ator Hervé Villechaize. A química entre os dois foi tão
acertada, que inspirou a criação da série “Ilha da Fantasia” (Fantasy Island,
1978), onde Hervé contracenava com Ricardo Montalban. Interpretando a namorada
submissa do vilão, Andrea Anders, a única atriz que representou dois papéis
principais diferentes dentro da franquia, a bela sueca Maud Adams, que viria
a atuar também como a personagem título no filme “007 contra Octopussy",
de 1983. A Bond Girl foi vivida por Britt Ekland, que
estava grávida durante as gravações.
A cena mais lembrada pelos fãs é o espetacular salto em 360
graus feito por um carro sobre uma ponte semidestruída, mesmo que um equivocado
efeito sonoro minimize o impacto, fazendo parecer uma acrobacia de circo. Para
que a acrobacia fosse realizada com perfeição e segurança, estudos foram feitos
em computador. Scaramanga é a perfeita antítese de James Bond. O refinado
assassino respeita a competência do espião britânico, o que estabelece com
eficiência o senso de ameaça, culminando no duelo final entre cavalheiros. A
música-tema, trilha de John Barry, ficou sob responsabilidade da
cantora teen Lulu, intérprete de “To Sir, with Love”, que arrebatou o
mundo em 1967. A letra composta por Don Black (de “Thunderball” e
"Diamonds are Forever", entre outros) pecava pela excessiva
simplicidade, contrastando com a elegância que a franquia mantinha até então.
Nos Estados Unidos, o filme arrecadou 21 milhões de dólares
e no resto do mundo, 76,6 milhões. Muito pouco para um filme da franquia, porém
uma quantia considerável levando-se em consideração que a produção gastou muito
pouco também em sua realização. Importante notar que o corte nas despesas foi
tanto, que o gigantesco cenário do complexo solar na ilha do vilão era operado
por apenas um figurante! O projeto serviu ao seu propósito principal:
firmar Roger Moore como o novo 007 na mente do público, dando
continuidade ao personagem.
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