007 – Os Diamantes São Eternos (Diamonds Are Forever, 1971)
Era o início de uma nova década e os produtores não queriam
ousar desta vez, iriam seguir à risca a fórmula de sucesso pavimentada pelos
quatro primeiros filmes. O que incluía dois fatores-chave que estiveram
presentes na construção do filme-símbolo: “Goldfinger” (1964), a canção-título
seria interpretada por Shirley Bassey (composta novamente por John Barry e
incluída a contragosto pelo produtor Harry Saltzman, que não apreciava o
conteúdo da letra) e a direção seria responsabilidade de Guy Hamilton,
com a difícil missão de revitalizar e estabilizar a franquia. Hamilton acabaria
dirigindo também os dois próximos projetos.
O estúdio precisava da presença de Sean Connery e
para isso, ofereceu-lhe um irresistível contrato milionário, 1,25 milhões de
dólares mais 12,5% de participação na bilheteria, além de contratualmente
financiar dois outros projetos que o ator escolhesse tomar parte. O ator
honrou sua fama de nobre cavalheiro e fez uma doação de seu cachê para a Scottish
International Trust, entidade escocesa que ajuda a educar crianças pobres. Ele
já não estava mais com a mesma forma física de outrora e aparentava o
desconforto em interpretar pela sexta vez o agente. Seus fãs compareceram em massa
para prestigiarem este retorno. Para o papel da Bond Girl contrabandista
Tiffany Case, os produtores contrataram Jill St. John, a primeira
norte-americana a co-protagonizar com o espião. Infelizmente a bela jovem
entraria para o seleto rol das leading ladies menos interessantes de
007. Para o que viria a ser a última aparição do vilão Blofeld na série (sem
contar a breve inclusão como caricatura na abertura de “007 – Somente para seus
Olhos”), foi chamado o ator britânico Charles Gray. A sua interpretação para o
personagem foi a menos marcante dentre os três atores que o personificaram.
Na trama, James Bond irá confrontar-se com uma dupla
impagável de assassinos, os exóticos enamorados Sr. Wint e Sr. Kidd, interpretados
por Bruce Glover e Putter Smith. O casal
frio e cruel irá se aliar ao chefe da “S.P.E.C.T.R.E.” na tentativa de destruir
o mundo utilizando um poderoso satélite recém-lançado ao espaço. A arma utiliza
os diamantes como matéria-prima. O roteiro utiliza o livro de Fleming como
base, mas excetuando-se alguns detalhes, segue caminho próprio (e superior,
pois o livro é um dos mais fracos com o personagem). Bastante à frente de seu
tempo, a trama do filme lida com a ideia da clonagem humana, realizada pelo
vilão na tentativa de realizar várias cópias de si próprio para proteger-se de
007. A sequência mais marcante do filme é a antológica perseguição de
carros pelas ruas de Las Vegas, que termina com o Mustang vermelho do
espião passando a andar com apenas duas rodas, habilidosamente escapando do
cerco policial (a cena foi homenageada no filme “007 – Permissão para Matar” de
1989, com a substituição do Mustang, por um caminhão tanque). A vontade do
estúdio em realizar um grande espetáculo foi tamanha, que até uma plataforma
marítima de petróleo foi alugada por quarenta mil dólares/dia. Ela foi
utilizada como cenário para o clímax da aventura, o pouco emocionante duelo
final entre Ernst Stavro Blofeld e James Bond.
O filme foi um sucesso estrondoso de bilheteria, muito
devido ao alardeado retorno de Connery ao papel pela última vez. Em apenas uma
semana, rendeu aproximadamente 35.000 libras, quase o dobro do recorde até
então registrado. “007 – Os Diamantes são Eternos” possui um tom escapista na
medida certa, marca do diretor Guy Hamilton, mas revisto hoje em dia, nota-se
que envelheceu mal. Mantém-se forte apenas no charme, ainda que desta vez
preguiçoso, de seu protagonista. Uma despedida oficial não muito graciosa para
o melhor intérprete do espião, que afirmou na época que nunca retornaria ao
papel. Com o tempo ele viria a aprender a nunca dizer nunca...
Nenhum comentário:
Postar um comentário