quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Guilty Pleasures - Introdução

Quem não tem um guilty pleasure, que atire a primeira pedra...

O que mais acontece quando alguém se propõe a citar seus guilty pleasures (prazeres com culpa) é esbarrar em obras que são de um gênero que não lhe agrada, mas isso não significa que seja um filme ruim, pode até ser um clássico respeitadíssimo. Como amo verdadeiramente todas as variações da Sétima Arte, irei corajosamente citar os filmes que todo mundo odeia, mas que eu adoro.

Sou um grande fã da série idealizada por Sylvester Stallone: Rocky. Racionalmente consigo visualizar a superioridade técnica do primeiro filme, porém os que assisto com mais freqüência são o segundo e o quinto. Não me entendam mal, adoro “Rocky – Um Lutador”, mas me emociono sempre que assisto aquela cena em “Rocky 5”, quando já perto do final, nosso herói se levanta do chão atendendo o pedido de seu treinador. A montagem desta seqüência é memorável, com Burgess Meredith (em flashback) dizendo que o ama, enquanto um trem passa e Stallone levanta com um sorriso no rosto... Quer guilty maior que este?

Falando em heróis de ação, dentre todos os filmes protagonizados por Jean Claude Van Damme, os fãs sempre elegem como melhor “O Grande Dragão Branco” ou “Kickboxer”, então o que explica eu passar uma madrugada insone assistindo “Street Fighter”? Eu sei que é péssimo, mal atuado ao extremo e bizarro na maior parte do tempo, mas aquele espetáculo grotesco me atrai hipnoticamente.

Com relação aos musicais é que a coisa pega. Conheço pessoas que preferem “Grease 2” ao original, o que sinceramente não entendo. Já eu adoro assistir “Os Embalos de Sábado Continuam”, com a direção de Sylvester Stallone e com músicas dos Bee Gees, que não conseguiram repetir o sucesso das clássicas “How Deep is Your Love” e “Staying Alive”. Eu reconheço a superioridade tremenda do original, mas dentre os dois, o que mais coloco para assistir no DVD Player é esta pérola trash dos anos oitenta, com um John Travolta anabolizado e um roteiro truncado.

Adoro “O Planeta dos Macacos” de 1968, acho uma obra perfeita. Porém o lado emotivo do meu cérebro me leva a assistir com mais freqüência suas continuações: “A Fuga do Planeta dos Macacos” e “A Conquista do Planeta dos Macacos”. Quando criança, houve uma febre onde todos os garotos curtiam “Gremlins”, mas eu sempre preferi sua versão “genérica”: “Criaturas” (Critters). Aliás, nesta época era comum criarem versões pobrinhas de sucessos de público. Nunca me esqueço de uma cópia de “E.T.” chamada: “Mac – O Extraterrestre” (Mac and Me). Mas neste caso, sempre preferi o clássico de Spielberg. Falando em Spielberg, lembro que em todas as suas entrevistas, ele exibe repúdio pela segunda incursão de Indiana Jones nas telas... Logo a minha favorita! Considero “Indiana Jones e o Templo da Perdição” o melhor da trilogia, com um tema sombrio e aquele menino: Short Round, que na versão original tem uma voz chatíssima e que é favorecido pela espetacular dublagem nacional. Puxando pela memória me lembro ainda de “Comando para Matar”, onde o Schwarzenegger joga um cano de gás no meio do peito do vilão. “Aracnofobia” e “A Hora do Lobisomem” (ou “Bala de Prata”), que eu via semprequando criança. “Splash – Uma Sereia em minha Vida” que eu sempre considerei subestimado.

Chuck Norris! Um homem que se tornou uma referência popular na internet, mas que sempre foi execrado pela crítica mundial. Assumo que gosto bastante de “McQuade – O Lobo Solitário” e de “Invasão U.S.A.”. Não são exemplos de cinematografia bem realizada, porém divertem bastante. Em “Lobo Solitário”, Norris protagoniza uma batalha final contra David Carradine que vale pelo filme todo. E o que falar da violência absurda que ele deflagra em “Invasão U.S.A.”, onde ocorre um incrível duelo com os guerreiros urbanos munidos de bazucas. Isso sem mencionar que o personagem passa o filme inteiro praticamente matando todo mundo, sem nenhum aprofundamento na caracterização. Reflexo de uma época de neurose coletiva dos americanos do pós-Vietnã. Pode ser péssimo, mas se estiver passando na televisão eu paro para assistir.

Acham que eu já atingi o fundo do poço? Ledo engano. “Mestres do Universo” (Masters of the Universe – 1987), mais uma picaretagem da dupla de produtores Menahem Golam e Yoram Globus, desta vez mirando o imaginário coletivo infantil. Se já não bastava terem destruído um mito mundial em “Superman 4 – Em Busca da Paz”, eles desta vez atacaram He-Man. Eu era criança na época em que o filme apareceu, lembro que meu pai trouxe da locadora e eu fiquei todo empolgado para ver. O filme simplesmente não tinha nada a ver com o desenho animado. O personagem principal (vivido pelo Dolph Lundgren) não era o príncipe Adam, era apenas o cara que arrebentou com o Rocky Balboa, só que mais falante e com o cabelo maior. Não tinha Gato Guerreiro. Isto era muito frustrante para uma criança. E o pior de tudo era o vilão, que ao final retornava triunfante e afirmava: “Eu voltarei”. Até hoje nada. Pura propaganda enganosa. Mas agora vem a informação mais importante: Eu comprei o DVD de “Mestres do Universo”. Como eu fiz isso? A grande realidade é que aprendi a gostar deste filho bastardo e me surpreendo assistindo nas madrugadas insones. Mesmo que seja só pra ver a Courteney Cox (de “Friends”) pagando mico em início de carreira.

“Querida, Encolhi as Crianças” é outro filme que adoro, assim como “Olha Quem Está Falando” e “Mortal Kombat”. Eu falei isto em voz alta? Sim, me divirto muito com a falta de habilidade gritante de Paul W.S. Anderson na direção da adaptação do videogame mais violento de sua época. Aquela música eletrônica contrastando com aquelas coreografias de luta ganham minha atenção. E o final então? Chego a arrepiar quando o Rayden (Christopher Lambert) responde à ameaça do imperador Shao Kahn com um tímido e clichê: “Eu acho que não!” Todos os heróis fazem pose de combate e o filme acaba. A reação emocional é tacar o sapato na tela da televisão com raiva, porém a música eletrônica (pegajosa como chiclete) volta e acalma os ânimos. E pergunte se tenho o DVD desta pérola?

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