quarta-feira, 9 de abril de 2014

TOP - Comédias Sexuais Adolescentes (Parte 1 de 2)

Como era maravilhoso ser adolescente na década de oitenta. Quem viveu a época, sabe a sensação de ligar a televisão de tarde, após uma manhã estafante na escola, e escutar aquela trilha sonora eletrônica característica, que sempre emoldurava altas paqueras em Fort Lauderdale e Miami Beach. Aquelas belas garotas de biquíni e a consequente nudez eventual, que torcíamos para que ocorresse com mais frequência. Morríamos de rir com as tentativas desastradas dos rapazes, sem nos preocuparmos com a pobreza dos roteiros. Estávamos num estágio anterior aos “Emmanuelle’s” das madrugadas da Rede Bandeirantes, sendo presenteados de vez em quando pelas pornochanchadas nacionais que o SBT exibia nas noites de Domingo, como a inesquecível “Clara das Neves” vivida por Adele Fátima. Não tínhamos internet, nem TV a cabo. As comédias sexuais adolescentes eram verdadeiros eventos quando eram exibidas nas tardes, forçando-nos a atrasar a entrega dos deveres de casa do dia seguinte. Maldito “politicamente correto”.

Pensando nessa época maravilhosa, passei alguns dias revendo vários filmes do gênero. Alguns que eu achava muito bons outrora, como “Clube dos Cafajestes”, “Primavera na Pele”, “A Vingança dos Nerds” e “Uma Escola Muito Especial, Para Garotas”, perderam pontos nessa revisão. “O Último Americano Virgem”, uma cópia exata do israelense “Sorvete de Limão” (de 1978), dirigido pelo mesmo Boaz Davidson, foi outro que não sobreviveu tão bem ao teste do tempo. Alguns eu considerei limpos demais, como “Namorada de Aluguel” e “Loverboy”, o que resultou na exclusão deles do TOP 10, ainda que tenham ocupado posições próximas. Os que eu selecionei possuem elementos característicos, como certa grosseria no humor, audácia e sensualidade. E, claro, são garantia de um ótimo entretenimento, tão divertidos hoje quanto na época em que eu os assistia com o uniforme da escola.

Esses são os meus favoritos:


10 – As Patricinhas de Beverly Hills (Clueless – 1995)
Em Beverly Hills, uma adolescente, filha de um advogado muito rico, passa seu tempo em conversas fúteis e fazendo compras com amigas totalmente alienadas como ela. Mas a chegada do enteado de seu pai muda tudo, primeiro por ele criticá-la de não tomar conhecimento com o "mundo real" e em segundo lugar por ela descobrir que está apaixonada por ele.


Normalmente os filmes do gênero se focam nas aventuras dos rapazes, então é válido celebrar o esperto roteiro de Amy Heckerling, que emula a sensibilidade de John Hughes ao retratar as angústias adolescentes femininas. O filme capta com perfeição a juventude consumista da década de noventa. Alicia Silverstone encarna a alienação da geração que recebia todos os cartões de crédito, mas carecia da atenção de seus pais. Uma legião de zumbis que peregrinavam diariamente aos Shopping Centers, com trejeitos e expressões calculadas e padronizadas.


9 – A Última Festa de Solteiro (Bachelor Party – 1984)
Rick Gasko, um motorista de ônibus escolar, está a ponto de se casar com Deborah Julie Thompson. Os pais dela o odeiam e o ex-namorado dela também, assim, usando o dinheiro que eles têm, planeja criar uma situação que faça com que Debbie, desista de Rick. Para complicar ainda mais, os amigos dele resolvem promover uma despedida de solteiro que, como todas as despedidas de solteiro, é em um hotel caro, com muita bebida, prostitutas e filmes pornográficos.


Já na primeira sequência, onde acompanhamos Tom Hanks dirigindo o ônibus escolar católico mais politicamente incorreto da cidade, percebemos estar diante de um roteiro audacioso. Sem concessões, as piadas grosseiras vão num crescendo, correndo riscos e sendo amparadas pela química do elenco. “Se Beber, não Case”, filho legítimo desse projeto, mesmo tendo sido realizado décadas depois, não consegue superar essa pequena gema em seu gênero.


8 – American Pie (1999)
A história de quatro amigos adolescentes que firmam um pacto totalmente "nerd" semanas antes de se formarem no ginásio. Segundo esse pacto, todos eles deveriam transar com alguma mulher antes de se formarem, ou até exatamente a noite de formatura. 


Após várias sequências fracas, muitas para o mercado de vídeo, podemos cometer o erro de banalizar a importância dessa comédia de baixo orçamento. Mas basta analisá-la em contexto, para constatarmos que o sucesso dela foi crucial no interesse dos produtores em resgatar a “comédia sexual adolescente”, que estava em coma durante a década de noventa. Sem “American Pie”, com certeza não teriam recebido sinal verde as comédias de Judd Apatow. O projeto também redirecionou a carreira de Eugene Levy (que vive o pai do protagonista), um excelente comediante que nunca havia sido realmente abraçado pelo grande público. Jason Biggs chegou a interpretar o protagonista de “Igual a Tudo na Vida”, sob a direção de Woody Allen. O filme serviu como uma nostálgica homenagem à fórmula, com uma ternura poucas vezes vista no gênero.


7 – Férias da Pesada (Fraternity Vacation – 1985)
Durante um feriado, dois jovens vão à caça de garotas em Palm Springs, eles levam o último dos nerds, Wendell, somente porque seus pais pagariam toda a viagem. 


Também conhecido como “A Primeira Transa de Um Nerd” e “Quando a Turma Sai de Férias”, esse eu perdi a conta de quantas vezes assisti quando adolescente. Eu me identificava demais com o personagem nerd vivido por Stephen Geoffreys (que fez “A Hora do Espanto” e, anos depois, virou ator pornô homossexual), mas não tinha amigos populares bacanas como os dele. É legal perceber a presença, numa ponta, do Sr. Tanner da série “Alf – O ETeimoso”, Max Wright, como o pai do jovem nerd. Tim Robbins, antes da fama por “Um Sonho de Liberdade”, interpreta um dos amigos do garoto. Dentre as cenas que continuam muito engraçadas, vale ressaltar o encontro do nerd com os pais de sua primeira namorada, vivida por Amanda Bearse (de “A Hora do Espanto” e da série “Married With Children”), além do hilário momento em que os dois rapazes populares se preparam para dividirem a cama com duas beldades, Barbara Crampton e Kathleen Kinmont. Existiam outros filmes do gênero melhores, mas nutro um carinho especial por esse, talvez porque naquela época eu sonhava que aparecesse alguma garota na turma como a belíssima Sheree J. Wilson, que visse além dos óculos e da timidez desajeitada do nerd.  


6 – Mulher Nota Mil (Weird Science – 1985)
Gary Wallace e Wyatt Donnelly são dois adolescentes nada populares com o sexo oposto. Eles resolvem criar no computador de Wyatt, a mulher que eles acreditam ser a ideal. Uma tempestade dá vida a ela, que é "batizada" como Lisa, que é sexy, bonita, determinada, fiel aos seus criadores, mas com um modo de ser que deixa desconcertados todos que cruzam o seu caminho.


Não podia faltar na lista uma obra do mestre John Hughes, ainda que seus projetos fossem refinados demais para o que estávamos acostumados no gênero. O roteiro falava diretamente ao desejo de cada adolescente introvertido, mostrando dois garotos criando no computador a mulher ideal, com a sensualidade absurda de Kelly LeBrock, que já havia desconcertado Gene Wilder em “A Dama de Vermelho”, no ano anterior. Como era característico, não podia faltar na trilha sonora uma contribuição do Oingo Boingo, gênese de Danny Elfman, parceiro constante de Tim Burton. A grande tirada do filme é a Lisa, desajustada na sociedade (como o monstro de Frankenstein), ajudando os garotos a serem respeitados por seus colegas. E é bacana encontrar, numa ponta, um jovem Robert Downey Jr. Mas a cena que lembro, sempre que penso no filme, é aquela em que os dois garotos (Anthony Michael Hall e Ilan Mitchell-Smith) estão tomando banho com Lisa. Todos os garotos da turma, no dia seguinte, só falavam nisso...

Continua...

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