quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O instinto baixo do apedrejamento


Vou confessar algo para quem acompanha meu trabalho, eu estou desanimado com o que vejo nas redes sociais, algo que atrapalha sobremaneira a inspiração. Como sempre afirmei em textos, a raça humana é propensa ao apedrejamento, o instinto baixo que conduzia os romanos antigos nos circos de gladiadores segue vivo hoje, ainda que adormecido na maioria, como que ansiando pelo gatilho para despertar.

A discussão não é lúcida, o que importa é berrar extremos. Analisando o caso do jornalista William Waack, ou as recentes polêmicas sexuais envolvendo atores de Hollywood, eu sinceramente não consigo enxergar maturidade ideológica/comportamental no debate virtual, apenas o desejo primitivo de destruição, a curiosidade mórbida dos abutres que apreciam admirar por horas o corpo sangrando no asfalto, ou compartilhar vídeos repulsivos na internet, em suma, parecem objetivar não apenas a justiça, como também o suicídio de seus alvos. Os envolvidos no caso nacional e nos estrangeiros são excelentes profissionais, carreiras brilhantes e respeitadas, mas acima de tudo, eles são humanos e falhos como todos.

É justo condenar seus atos, você tem o direito de rejeitar qualquer menção futura ao nome deles, mas não é correto querer apagar suas contribuições em suas áreas de atuação, assassinar sem piedade suas reputações profissionais. Se o seu pai já fez alguma piada racista em casa ao longo de sua vida, tenho absoluta certeza que você não deixou de amá-lo por isto. E se aproxime do espelho. Você é perfeito? Você, que hipocritamente prega diariamente nas redes sociais o amor cristão, compreendeu de fato as palavras de Jesus na passagem do apedrejamento de Maria Madalena?

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