sábado, 9 de setembro de 2017

Sobre o boicote (sutil) ao filme "Polícia Federal - A Lei é Para Todos"

Acaba de ser lançado o filme "Polícia Federal - A Lei é Para Todos", percebo a clara intenção de boicote de parte do público, atitude que sempre repudio. Uma breve reflexão: a beleza do cinema é também a capacidade de abordar o mesmo evento por perspectivas diferentes. Você pode ver um clássico alemão de propaganda nazista e a resposta norte-americana incitando os jovens à guerra, "Suss the Jew" (1940) é antissemita até o talo, enquanto "Confissões de um Espião Nazista" (1939) desfere um soco de direita no queixo de Hitler.

Por este motivo não consigo acreditar quando leio um texto crítico profissional tentando deslegitimar o filme nacional utilizando como base o argumento de que retrata a versão de apenas um lado da história. Não há argumento mais tolo, um desserviço à função da crítica como ferramenta filosófica que prima pela pluralidade de pontos de vista. Ficando no mesmo tema, "Lula, o Filho do Brasil" era imparcial? Que os dois filmes sejam vistos, nunca boicotados (ainda que de forma sutil), que a pluralidade de abordagens agregue à experiência de cada espectador.

Pretendo escrever em breve sobre a obra, mas já adianto que gostei do ritmo e, com algumas ressalvas, considero um importante passo no gênero de thriller político, vertente poucas vezes trabalhada no cinema nacional. Qualquer tentativa da nossa indústria de se aventurar fora da zona de conforto narrativa deve ser incentivada.

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