segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Sobre o conceito de "filme velho" e o valor da revisão

O filme em preto e branco, mudo ou falado, em suma, aquela obra que foi lançada décadas antes de você nascer. É comum ler comentários de adultos que citam estes títulos com a certeza de que resgatam algo provavelmente esquecido, como se já antecipassem a resposta debochada: "Isso não é do meu tempo, coroa". Por vezes, a própria pessoa já se defende, dizendo de forma depreciativa que o filme é velho. Como assim? Velho é aquilo que você conhece há muitos anos. Se você tem dezoito anos e está começando a se interessar por cinema, TODOS os filmes já produzidos são NOVOS.

É importante, como crítico de cinema e um apaixonado autodidata pelo garimpo desde a infância, utilizar este espaço para tentar fazer você entender que, por mais que muitos jovens e adultos primem pelo limitado pensamento imediatista, o mais correto é apreciar a arte como algo atemporal. Aprofundando a análise, a forma como o indivíduo enxerga o passado é sintomática de seu nível educacional. Vale traçar um paralelo com o desrespeito generalizado com os idosos na sociedade. Como sempre afirmo, incentive em seus filhos desde cedo o amor pelo garimpo cultural. Aquele que não vê beleza no antigo, ou que sequer dá chance de conhecer estas obras, por preconceito tolo ou preguiça, está fadado a acordar um belo dia e perceber que já não é mais existencialmente relevante, afinal, envelheceu.

A pessoa debocha porque você está vendo um filme repetido. O clássico "este eu já vi" simplesmente não faz sentido na apreciação cinematográfica. O ato de rever um filme é fundamental. Imagine escutar a canção apenas uma vez. Imagine beijar a pessoa amada apenas uma vez. Quem vê o filme apenas uma vez enxerga no cinema um passatempo pueril, facilmente substituível por uma partida de gamão, ou um treino de cuspe à distância. O amor urge pelo reencontro.
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