terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Rebobinando o VHS - "As Tartarugas Ninjas" (1990)

Link para os textos do especial:


Quem diria que Bobby Herbeck, responsável pelo texto de alguns episódios da série “Super Vicky”, aquela androide com aparência de menina, criaria a história dessa boa adaptação dos quadrinhos violentos criados por Kevin Eastman e Peter Laird?


As Tartarugas Ninjas (Teenage Mutant Ninja Turtles – 1990)
Eu disse “boa”? Com a recente bomba produzida pelo veterano de bombas: Michael Bay, eu posso afirmar com segurança que o original foi alçado à categoria de “ótima” adaptação. Como esquecer a beleza da April O’Neill vivida por Judith Hoag? Fiquei triste quando trocaram a atriz no segundo filme. O roteiro tem vários furos e situações bizarras, porém transporta com fidelidade o clima sombrio dos quadrinhos. Algo que se perdeu nas duas inferiores continuações.

E quem viveu a época, quem era criança no início da década de noventa, sabe o impacto desses personagens na cultura pop. Eu era viciado em jogar no Phantom System o clássico da Nintendo, depois cansei de zerar o “Turtles in Time”, no Super Nintendo. Eu tinha os bonecos dos personagens, tive lancheira e camiseta, tive até uma tartaruga chamada Donatello. Mas, por incrível que pareça, odiei esse filme na época. Eu ficava deprimido com a subtrama do Rafael se sentindo rejeitado e, especialmente, aquela do mestre Splinter acorrentado no QG dos vilões. A fita chegava nessa parte, eu deixava o filme rolando e ia passar um tempo na sala, somente voltando quando já estava quase no final. E, cá com meus botões, penso: não teria sido mais fácil apertar o FF? Coisas de criança, que voltaram em minha mente enquanto revia a fita para esse texto. 

Produzida pela Golden Harvest, clássico lar de Bruce Lee e Jackie Chan, a direção ficou a cargo de Steve Barron, especialista em clipes musicais, responsável pelo icônico “Billie Jean”, de Michael Jackson, que anos depois faria outra pérola que será abordada nesse especial: “Cônicos e Cômicos”. O trabalho impecável da equipe de Jim Henson, eficiente até hoje, mostra que a computação gráfica moderna ainda não conseguiu sequer igualar a competência de um bom roteiro, com personagens interessantes. O efeito é ajudado pela iluminação realista, que deixa tudo com um aspecto de sujo, diferente dos tons claros e coloridos das continuações. As lutas, elemento essencial na obra, também são coreografadas de forma brutal, deixando claro que os heróis podem realmente sair feridos. O vilão Destruidor, que promete uma intensa batalha final, que o roteiro não cumpre, acaba triturado num compactador de lixo. Essa atitude acabou incomodando os patrocinadores, já que o resultado estava mais próximo do primeiro “Batman” de Tim Burton, que do leve desenho animado que passava nas manhãs da Rede Globo. 

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