A Família Fuleira (The Family Jewels - 1965)
Neste filme encontramos Jerry em seu momento mais leve,
praticamente emulando, enquanto diretor, a pegada desenho animado de seu mentor
Frank Tashlin, utilizando o piegas fio condutor da menina, vivida pela adorável
Donna Butterworth, que está à procura de um novo pai e precisa escolher entre
seus seis tios, como desculpa para elaborar esquetes protagonizadas por
variações caricaturais de sua própria persona.
Ao optar por esta estrutura, ele aceitou correr o risco de
entregar um produto comicamente irregular. Algumas cenas, como a da desastrada ajudinha
no posto de gasolina, ou a da exibição de habilidade na sinuca, homenageando “Sherlock
Jr.”, de Buster Keaton, apesar de hilárias, parecem enxertos de ideias menores rejeitadas
em projetos anteriores. Já em outras, como na aventura protagonizada pelo tio aviador,
deboche de Lewis com o amigo Tony Curtis, ou em simples tiradas visuais
geniais, como o livro retirado da estante, o andar preocupado que abre uma
clareira no gramado, a banda de rock do filho Gary Lewis em um cubículo do
avião, ou a solução encontrada para a inserção do “The End”, podemos ver um
cineasta em seu auge criativo, disposto a se divertir junto com o público.
O chofer, aquele por quem a menina realmente nutre afeto, o único
adulto na trama que não se leva a sério, a figura paterna não-oficial que,
emulando Carlitos em “O Garoto”, beija a pequena na boca, representa o conceito
à frente de seu tempo de uma nova configuração familiar. Se hoje em dia a ideia ainda incita polêmica, imagine a reação do público na época da estreia. E quando a lei se coloca no caminho da decisão da criança, a farsa, a arte, toma o controle da situação, objetivando a vitória do amor sincero, que não se importa com a herança polpuda da menina.
* O filme está sendo lançado em DVD, com opção de dublagem em português, pela distribuidora "Classicline".
muito bom rever o Jerry Lewis. Lembrei também, do iniqualável Jerry em " O Professor Aloprado".
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