sexta-feira, 7 de novembro de 2014

"Planeta dos Macacos - O Confronto", de Matt Reeves


Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of The Planet of The Apes - 2014)
É inegável que o diretor Matt Reeves entrega um produto muito melhor que seu antecessor, um dos roteiros mais fracos daquele ano, com um entretenimento exuberante e que satisfaz plenamente como blockbuster de ação. Mas é impressionante como o tematicamente similar “A Conquista do Planeta dos Macacos”, um filme dirigido por J. Lee Thompson há quarenta e dois anos, com um orçamento mínimo e homens vestidos de macaco, consegue transmitir sua mensagem com mais contundência. São propostas e públicos totalmente diferentes, claro, mas é interessante constatar como ocorreu essa involução, onde a busca pela excelência na computação gráfica se tornou mais importante que a ousadia criativa de uma trama. 

A força do César vivido por Roddy McDowall ao discursar em meio às labaredas de uma cidade destruída, não estava na qualidade do cenário ou na exatidão da maquiagem, mas sim na atuação e no que estava sendo dito. E, por melhor que seja Andy Serkis, ele está refém do texto que defende. Os roteiristas Mark Bomback (dos péssimos “Duro de Matar 4.0” e a refilmagem de “O Vingador do Futuro”), Rick Jaffa (do fraco “A Relíquia”) e Amanda Silver (de “A Mão que Balança o Berço”) simplesmente não possuem o estofo necessário para igualarem o talento de Paul Dehn, por exemplo, responsável pelos roteiros de todas as sequências do “Planeta dos Macacos” original, com um currículo que continha “007 Contra Goldfinger” e “A Megera Domada”, entre outros. Somos apresentados então a um longo conflito entre “humanos muito ruins” e “humanos muito bonzinhos”, “macacos muito ruins” e “macacos muito bonzinhos”, com personagens desenvolvidos de forma rasa e alguns momentos cafonas, especialmente em uma cena de nascimento. Até a personagem muda Nova (Linda Harrison), da série original, era mais carismática e tinha uma função menos ingrata que a das personagens femininas nesse filme.

O resultado é muito divertido, agitado, empolgante, mas é esquecido tão logo terminam os créditos finais. O roteiro segue a fórmula previsível de vários projetos que abordam conflitos entre raças. Gary Oldman aparece muito pouco, mas pode ser considerado o elemento que melhor funciona no filme. Por mais impecáveis tecnicamente que sejam as cenas de batalha, com um trabalho excelente de renderização computadorizada, não é algo que me emocione, o deslumbramento já foi banalizado, ficamos acostumados.

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