quinta-feira, 27 de novembro de 2014

"November Man", de Roger Donaldson


November Man - Um Espião Nunca Morre (The November Man - 2014)
Um genérico de espionagem eficiente, com uma estrutura convencional defendida por um ator que se mostra disposto a provar que foi retirado do jogo cedo demais. E é exatamente essa consciente metalinguagem que se torna o ponto alto do projeto, com Pierce Brosnan, que comprou os direitos da obra assim que foi dispensado, disposto a exorcizar os anos que perdeu com comédias românticas tolas, após ser colocado para escanteio pelos produtores da franquia 007. A vitalidade dele surpreende nas cenas de ação, mas também é possível perceber que ele repete várias características de sua versão de Bond, amalgamando-as ao amargor da abordagem do escritor Bill Granger, cuja série de livros sobre o personagem está mais para as confusas reviravoltas de John le Carré, do que para a ingenuidade pulp adolescente de Ian Fleming. A trama é consideravelmente fiel à essência do livro “There are no Spies”, o sétimo da série, atualizando a tecnologia oitentista para uma realidade de drones. 

O diretor Roger Donaldson, que costuma trabalhar bem com estruturas narrativas simples, com a ação constante desviando a atenção do espectador para os problemas do roteiro, demonstra pouca segurança ao lidar com as necessárias quebras de ritmo em um projeto que pede atenção aos detalhes, potencializando a previsibilidade das reviravoltas, sinalizadas com antecedência até pelos menos atentos. É uma pena que o antagonista, um elemento promissor por simbolizar na trama o conflito entre gerações e métodos diferentes, além do fator psicológico do embate entre mestre e aprendiz, seja interpretado de forma apática pelo australiano Luke Bracey, que não consegue impor em cena as qualidades que deveríamos crer que o seu personagem domina. 

Sem estofo nesse embate, com uma ameaça pálida, sobra apenas para o carisma inegável de Brosnan e a beleza hipnótica de Olga Kurylenko, cuja personagem só ganha alguma importância, além de cumprir a fórmula da “donzela em perigo”, no terceiro ato. A primeira meia-hora entrega um equilíbrio agradável entre os usuais tiroteios e resoluções Deus ex machina, mas a tensão diminui no segundo ato. Não há problema algum com a previsibilidade, contanto que seja eficiente e entretenha por aquele par de horas. Os últimos vinte minutos recuperam um pouco daquela pegada brutal do início, fazendo esse possível início de franquia soar bastante interessante. 

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