Amor Profundo (The Deep Blue Sea - 2011)
Com uma excelente interpretação de Rachel Weisz, que vive
uma personagem vítima de suas próprias escolhas, este poderoso drama de Terence
Davies que capta a poesia da dor, se destaca no oceano de projetos apáticos e
formulaicos em seu gênero, nos anos recentes.
As primeiras palavras ditas no filme, após cerca de dez minutos de pura beleza
musical, com o concerto de Samuel Barber para violino e orquestra, emoldurando
a tentativa de suicídio de Hester (Weisz), soam frágeis. Ela ama com o mesmo
senso obsessivamente trágico de uma "Madame Bovary", de Gustave
Flaubert, ignorando de forma masoquista o tratamento, por vezes, grosseiro, de
seu objeto de paixão. Freddie (Tom Hiddleston) constantemente a ignora, vivendo
da autocomiseração de seu amargor pós-guerra. Ele também é a antítese de Sir
William (Simon Russel Beale), o emocionalmente estável marido de Hester, que
concede a ela o conforto de uma vida financeiramente segura.
Com a consciência de se tratar de um tesouro a ser explorado por atores
dedicados, o roteiro, de Davis, adaptado da peça de Terence Rattigan, abraça
cada nuance expressa nos diálogos. A construção utiliza generosamente
interlúdios musicais, como árias em uma ópera. Acertando ao fugir da frieza
característica nos projetos que tratam do tema, sendo elegante, mérito da
excelente fotografia do alemão Florian Hoffmeister, e narrativamente
envolvente.
"Amor Profundo" é um biscoito fino, indicado para aqueles que já
possuem familiaridade com o estilo do diretor ou que realmente sejam
criteriosos com o entretenimento que buscam.
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