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O Lobisomem (The Wolf Man – 1941)
O filme dirigido por George Waggner tem uma importância tremenda,
já que moldou muitas das particularidades que o personagem viria a apresentar
nos esforços seguintes. A interpretação de Lon Chaney Jr., com a ajuda
impecável do maquiador Jack Pierce, definiu para toda uma geração o conceito da
licantropia, incluindo a ideia da clássica transformação nas noites de lua
cheia, a infecção pela mordida e a periculosidade fatal da prata. Elementos
criados pelo roteirista Curt Siodmak, que muitos acreditavam equivocadamente
que havia se inspirado em lendas ciganas, copiados à exaustão até hoje.
O aspecto mais interessante é que, diferente de todos os filmes
de terror do estúdio na época, o inteligente roteiro levanta suspeitas sobre a
real existência do monstro, fazendo com que cada personagem possa encontrar
explicações racionais ou metafóricas para todos os acontecimentos, sem que haja
a necessidade de se recorrer aos elementos sobrenaturais. Isso eleva a
qualidade do projeto e o torna mais atraente em revisões. Fica claro que o
problema do protagonista também é psicológico, algo que já é estabelecido na
definição inicial da licantropia, nos créditos iniciais, como uma doença da
mente, sendo reforçada ainda a palavra “lenda” em maiúsculas. Assistindo o
filme por esse viés, a tragédia do personagem é ainda mais forte, mostrando o
malefício da crença exagerada em superstições.
O personagem do padre, num esperto toque do roteiro, chega a
afirmar que a luta contra a superstição é tão árdua quanto lutar contra satã. E,
basta pensar que esse tema foi trabalhado com tanta coragem em 1941, enquanto
hoje em dia ainda vivemos numa sociedade onde é comum o “exorcismo” de pessoas
no neopentecostalismo, quando na realidade se trata apenas de, na pior das
hipóteses, malandragem ou problemas psicológicos, para compreender que a obra
vai muito além do usual entretenimento no gênero.
* O filme está sendo lançado pela distribuidora "Classicline".
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