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5 - Rede de Intrigas (Network – 1976)
Quando o veterano jornalista Howard Beale (Peter Finch) é
demitido, ele sofre um violento colapso nervoso diante das câmeras. Mas, depois
que os seus enfraquecidos números de audiência sobem por causa das suas
críticas ferozes, ele é readmitido e reinventado como o "profeta louco das
ondas da TV". Evidentemente, quando o tal "profeta" perde a
capacidade de seduzir o público, alguma providência tem que ser tomada contra
ele. De preferência, diante das câmeras e com uma plateia dentro do estúdio.
O filme de Sidney Lumet mostra os reais interesses que
existem por trás de qualquer programação televisiva, com uma visão
assustadoramente atual e pungente sobre os limites (ou falta de) do bom senso e
da ética. Os diálogos escritos genialmente por Paddy Chayefsky são verdadeiras
catarses, estimulando aplausos até mesmo naqueles que assistem ao filme hoje no
conforto de seus sofás. O que era considerado uma fábula que instigava a
vigilância, pode ser percebido como a realidade de hoje, com o sensacionalismo
dominando as estações de televisão, dos programas de auditório ao jornalismo. Fica
claro que ninguém se importa mais com valores, quando chegamos ao ponto de uma
criança pode ligar a televisão de manhã e assistir um absurdo teste de
fidelidade. Não importa mais o nível da baixaria, contanto que represente
melhores índices de audiência. O entretenimento é apenas uma desculpa para
vender produtos nos intervalos comerciais. A caixa, como o personagem de Peter
Finch chamava, apenas ficou maior e mais fina, mas o que ela representa
continua sendo, em grande parte, o lado desprezível do ser humano.
4 - Sob o Domínio do Mal (The Manchurian Candidate – 1962)
Pergunte ao Major Bennett Marco (Frank Sinatra) e ele dirá
que o Sargento Raymond Shaw (Laurence Harvey) é um herói digno de Medalha de
Honra. Mas, apesar do que diz, Marco desconfia do contrário. Um pesadelo
estranho e recorrente lhe dá a desconfortável sensação de que Shaw é alguém
muito menos heróico e muito mais traiçoeiro. Seria mesmo Shaw um traidor?
Conseguiria Marco convencer o Exército de suas suspeitas? E onde se encaixa
nisso tudo a influente e rigorosa mãe de Shaw (Angela Lansbury)? São muitas as
perguntas. E o tempo muito curto e precioso.
Dirigido por John Frankenheimer, Frank Sinatra vive um herói
militar que retorna para casa após a guerra, somente para perceber que foi
usado em uma trama de espionagem, onde por meio de hipnose foi levado a assassinar
até mesmo membros de seu próprio pelotão. Poucos filmes abordam a paranoia de
forma tão eficiente, pois ao invés de focar-se nos extremismos políticos,
mostra que o indivíduo comum é o que está mais suscetível à manipulação. Um
thriller político que continua tão eficiente quanto em sua estreia, misturando
influências do Noir, uma belíssima fotografia de Lionel Lindon, com um texto
que critica duramente a utilização da televisão como ferramenta política. Sua
abordagem foi profética no caso do assassinato de Kennedy, fator que envolve o
projeto numa aura sombria e o torna ainda mais contundente.
3 - Todos os Homens do Presidente (All The President’s Men –
1976)
Em uma noite comum, no Edifício Watergate, luzes revelam
quatro criminosos pegos no ato. Por causa dos acontecimentos daquela noite,
naquele prédio, um presidente dos Estados Unidos acabou sendo levado para fora
da Casa Branca. Dois repórteres de Washington, Bob Woodward (Robert Redford) e
Carl Bernstein (Dustin Hoffman) agarraram a história e mantiveram-se agarrados
a ela, desafiando dúvidas e negações.
O diretor Alan J. Pakula mostra a extrema dedicação de dois
jornalistas contra os vários tentáculos do corrupto sistema político. Na
essência da trama está a razão do temor dos políticos por uma imprensa livre.
De certa forma, uma obra que complementa “Rede de Intrigas”, mostrando o lado
benéfico da mídia. O roteiro nos coloca praticamente sentados na mesa com os
protagonistas, por vezes em detrimento de uma fluência narrativa,
possibilitando que vivenciemos com exatidão de detalhes uma investigação
jornalística. Uma abordagem que dificilmente seria escolhida nos dias de hoje,
já que o público anseia cada vez mais pelo entretenimento imediatista. O
símbolo de um jornalismo que dificilmente seria possível nos dias de hoje, onde
a política do “em cima do muro”, muito mais lucrativa, parece ter contaminado
todas as vertentes da comunicação.
2 - Z (1969)
Em 1965, Lambrakis, um professor de medicina, é assassinado
quando saía de uma manifestação de paz em praça pública, a investigação sobre
sua morte acabou por revelar uma rede de escândalos, corrupção e ilegalidades
na polícia e no governo na qual o líder do partido de oposição se tornou
Premier. Porém, em 1967, um golpe militar derrubou o governo legal. O filme
revive o assassinato e a investigação numa tentativa de demonstrar como o
mecanismo da corrupção fascista pode se esconder atrás da máscara da lei e da
ordem.
Obra-prima de Costa-Gavras, inspirada no romance homônimo do
escritor grego Vassilis Vassilikos e no regime militar ocorrido na Grécia nos
anos sessenta. A trama narra um crime político, um assassinato, de um popular
deputado de esquerda durante uma manifestação e sua investigação por parte de
um juiz, enquanto as forças armadas fazem de tudo para encobrir o fato e os
verdadeiros culpados. E a população, cansada de ser controlada por incompetentes,
parte para o revide. Obviamente, o filme sofreu enorme censura no seu
lançamento em nossa “justa” nação, num notório caso, dentre vários, de carapuça
bem servida. Vale salientar a excelente fotografia do francês Raoul Coutard, de
“Acossado” e vários outros projetos de Godard.
1 - O Candidato (The Candidate – 1972)
Bill McKay (Robert Redford), o candidato do Partido
Democrata ao Senado dos Estados Unidos, um homem de integridade e ideais, não
se deixará manipular pela máquina política americana. O filme é uma incisiva
visão de como publicitários, assessores de imprensa e empresários de
comunicação se unem durante uma campanha eleitoral.
Esse filme de Michael Ritchie é uma aula sobre como funciona
esse grande teatro que é a política, um verniz frágil de boas intenções para o
coletivo, mas que esconde apenas um intenso interesse no poder individual. O
roteiro entrega os vários elementos dessa engrenagem podre, como a importância
de firmar a imagem do candidato como um homem de família, com uma bela esposa
(de fachada ou não), um corte de cabelo comportado, ainda que genuinamente ele
não saiba qual a sua função no esquema. O filme mostra também a nada ética
ajuda de empresários da comunicação, que acabam favorecendo descaradamente aquele
político que irá devolver o favor quando eleito. A estratégia espúria, que vai
da forma como o candidato deve se posicionar frente à câmera e a sua maneira de
olhar para a lente, passando pelas abordagens com populares nas ruas, até o
tipo de assunto que deve ser evitado em um debate. O protagonista, vivido por
Robert Redford, foi inserido em um sistema que pouco conhece, como um peão na
mão de publicitários. A sua reação ao final, inseguro como criança quando
descobre que venceu a eleição, resume perfeitamente a coragem dessa obra: “E
agora, o que faremos?”. Não é coincidência que esse ótimo filme nunca seja
exibido na televisão.
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