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Frankenstein (1931)
No livro original de Mary Shelley, o monstro é chamado até
de demônio pelo seu criador, o frustrado estudante Victor Frankenstein, porém
sua aparência difere totalmente daquela que o cinema eternizou, com cabelos
esvoaçantes e dentes de modelo fotográfico. Ele era belo e inteligente, carecia
apenas de equilíbrio emocional, devido aos longos períodos de solidão. Claro
que a indústria não poderia, naquele período, imaginar um filme onde a
monstruosidade fosse mais de origem psicológica, por conseguinte,
exteriorizaram o horror, inicialmente no curta dos estúdios de Thomas Edison,
em 1910, porém nada se compara à figura icônica, fruto da parceria entre Boris
Karloff e o maquiador Jack Pierce, com os parafusos no pescoço e os grunhidos.
Empolgados com o sucesso recente de “Drácula”, o produtor
Carl Laemmle Jr. convidou o diretor James Whale para trabalhar na adaptação,
que tinha a difícil missão de superar o charme do vampiro de Bela Lugosi e
ajudar a estabelecer a reputação do estúdio no gênero. Com uma ingenuidade que
continua fascinante, o filme evita revelar o ator que interpreta o monstro nos
créditos e escolhe iniciar com Edward Van Sloan, que o público conhecia como o
Van Helsing, alertando o público sobre o conteúdo apavorante da obra. No
roteiro, Frankenstein se tornou o sobrenome do Dr. Henry, vivido por Colin
Clive.
E, mesmo com todas as paródias que foram realizadas ao longo
das décadas, de Abbott e Costello a Mel Brooks, chama a atenção como o original
ainda se mantém eficientemente assustador, com um clima pesado e cenas fortes e
ousadas, como aquela onde o monstro se encontra com uma menina perto de um
lago. O desfecho, com ele sendo responsável pelo afogamento dela, mostra como a
trama é focada na complexidade do personagem, como no posterior “O Homem
Invisível”, com o rosto do monstro transparecendo sua ignorância, fazendo com
que sejamos levados a sentir pena de sua condição, seu profundo medo e imediato
remorso, sentimentos que Karloff transmite com perfeição. O monstro como
vítima, um conceito que foi se perdendo em futuras adaptações.
*O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Classicline".
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