quarta-feira, 30 de abril de 2014

TOP - Comédias Sexuais Adolescentes (Parte 2 de 2)

Link para a primeira parte:


5 – Férias do Barulho (Private Resort – 1985)
Jack (Johnny Depp) e seu amigo Ben (Rob Morrow) vão para um hotel na Flórida planejando passar cada minuto de sua estadia procurando por lindas garotas. Mas seus planos vão por água abaixo quando eles tentam seduzir a mulher de um ladrão de jóias (Hector Elizondo). Eles vão ter que ser mais espertos do que ele, um cruel segurança e um repulsivo escocês se quiserem passar um tempo a sós com as garotas de seus sonhos.

A balada romântica escolhida para emoldurar os créditos finais em berrante azul, “Summer Eve” (de Bill Wray) e seus intermináveis: “na-na-na-na, ô-ô-ô-ô”, já deixam bastante claro o tom dessa comédia. Um dos méritos da obra de George Bowers (que viria a trabalhar novamente em um projeto com Depp, como editor em “Do Inferno”, de 2001) é conseguir fazer você sentir que está naquele resort com a dupla de protagonistas. O roteiro episódico não explica absolutamente nada sobre nenhum personagem, mas isto não impede que você se sinta parte daquele universo pelo curto tempo de duração. Como não sorrir com a revelação de Shirley (Hilary Shepard) em seu culto ao guia espiritual “Baba Rama Nana”? Faço questão de relevar todas as falhas do filme, pelas gargalhadas que dou acompanhando as desventuras dos desastrados jovens tentando esconder a esposa bêbada e seminua de um troglodita, enquanto aquele tema musical pegajoso (“Ba Ba Ben”, de Bill Wray) emoldura a ação.


4 – Negócio Arriscado (Risky Business – 1983)
Joel Goodsen (Tom Cruise) nasceu em Chicago, tem apenas 17 anos e está a caminho da faculdade. Inteligente e responsável, ele é considerado um rapaz de futuro, o filho ideal. Mas ele tem sido "bonzinho" há muito tempo. Quando seus pais, que são superprotetores, viajam de férias, deixam a casa sob sua responsabilidade. Atraído pela liberdade, seu primeiro passo é um ataque ao armário de bebidas, seguida de uma voltinha proibida no carro do pai e uma noite de paixão com uma garota de programa (Rebecca de Mornay).

Ainda que seja essencialmente uma comédia sexual adolescente, o subtexto toca em questões profundas, como a angústia típica de uma fase exploratória, equivocadamente tida por muitos como uma sucessão de festas e gargalhadas. O arco narrativo do protagonista, vivido por Tom Cruise, retrata com perfeição o fim da inocência, aquele momento na vida onde percebemos que o mundo é pintado em tons de cinza. Sobra espaço até mesmo para uma poderosa crítica à sociedade consumista. Caso a lista levasse em consideração apenas a qualidade da obra, fora de contexto, esse filme ficaria em primeiro lugar. Os diálogos são inteligentes, num nível muito acima do que normalmente esperamos de obras do gênero, como o lema que é ensinado ao protagonista: “De vez em quando diga: que se dane. Isso traz liberdade. Liberdade traz oportunidades. Oportunidades fazem o seu futuro”. Suas sequências oníricas ousadas elevam ainda mais a qualidade do material. Ela está mais para “A Primeira Noite de Um Homem” ou “American Graffiti – Loucuras de Verão”, do que para “American Pie”.


3 – Porky’s – A Casa do Amor e do Riso (Porky’s – 1982)
As cômicas desventuras de seis estudantes que estão desesperados para encontrar a satisfação sexual no Porky's, um famoso "pulgueiro" onde há shows de strip-tease. Quando eles são expulsos de lá e atirados para fora pelo dono do local, eles arquitetam um plano de vingança que é realmente inesquecível. 

Não importa que o filme tenha envelhecido mal, ele é o símbolo de todos os elementos no gênero que seriam copiados à exaustão nos anos seguintes. Algumas cenas continuam muito eficientes, como a hilária reação dos jovens pervertidos, enquanto escutam a conversa entre o diretor da escola e a mulher que busca descobrir quem ousou exibir seu órgão sexual pelo buraco na parede do banheiro feminino. O mau gosto, nesse caso, é agregador ao resultado final. E é interessante que o filme seja ambientado na década de cinquenta, ousadia narrativa que seus imitadores nunca arriscariam emular.


2 – Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High – 1982)
O roteirista estreante Cameron Crowe, se disfarçou de aluno de colégio para trazer uma trama recheada de sexo, drogas e rock and roll, criando alguns dos mais memoráveis personagens já vistos no gênero. Está tudo aqui, desde as aventuras sexuais de Stacy (Jennifer Jason Leigh) e Linda (Phoebe Cates), a rápida carreira de Brad (Judge Reinhold) no mundo das lanchonetes, até o inesquecível e maluco surfista Spicoli (Sean Penn).

Assim como todos os garotos que assistiram na época, eu posso lembrar perfeitamente do impacto da cena onde a bela Phoebe Cates sai lentamente da piscina, no sonho erótico do personagem vivido por Judge Reinhold, caminha em direção à câmera com um olhar sedutor e tira a parte de cima do biquíni. Acho engraçado quando leio textos sobre o filme, escritos por jovens que viveram aquela época, salientando apenas a participação do Sean Penn. Ah, não sejamos hipócritas. Eu somente fui notar a presença dele no filme depois de anos. Na adolescência, não perdia uma exibição do filme no SBT, somente por causa da Cates e da doçura levemente sensual de Jennifer Jason Leigh. Para organizar essa lista, tive que despedir por algumas horas o meu lado “crítico”, resgatando apenas aquele garoto tímido de outrora, numa época sem internet e televisão a cabo, que torcia para chegar a Sexta-Feira à noite, somente para colocar na Bandeirantes e assistir os filmes do “Sexta Sexy”. “Picardias Estudantis” me remete diretamente a esse período da minha vida.


1 – Superbad – É Hoje (Superbad – 2007)
Seth (Jonah Hill) e Evan (Michael Cera) só querem sair com as garotas que gostam antes de ingressar na faculdade. Mas, para isso acontecer, eles precisam conseguir bebidas para a grande festa daquela noite. Com a ajuda do amigo Fogell, também conhecido como McLovin (Christopher Mintz-Plasse) e sua carteira de identidade falsa, os três partem em busca das bebidas. 

Por incrível que pareça, uma obra que não é “do meu tempo” de adolescente, acabou ficando com a primeira posição. Não há o elemento da nostalgia, mas é impressionante como esse projeto conseguiu unir vários símbolos eternizados no imaginário dos jovens cinéfilos, injetando um frescor que eu não achava que seria possível, ainda mais analisando o nível fraquíssimo das produções atuais no gênero. O humor é muito eficiente, mas também existe uma mensagem bonita sobre amizade, equilibrando com sensibilidade os aspectos grosseiros (essenciais) com uma bem-vinda sinceridade emocional, sem nunca permitir que os excessos prejudiquem a beleza de pequenos momentos, como a conversa entre Seth e Evan, próximo ao desfecho. Desde os créditos iniciais, com uma homenagem ao período do “Blaxploitation”, passando pela criativa ideia dos policiais como homens que buscam quebrar estereótipos, nós percebemos estar na companhia de personagens tridimensionais, que falam e agem como vários colegas que tínhamos na escola, ou até como nós mesmos. 

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