Sol a Pino (Zvizdan - 2015)
Três histórias, três décadas, símbolos visuais que se
repetem, com o elenco defendendo personagens diferentes em cada uma delas,
traçando um panorama da conturbada relação entre sérvios e croatas, mas,
inteligentemente optando pelo tom sóbrio, sem debruçar no melodrama.
O diretor
Dalibor Matanic acerta ao utilizar a guerra apenas como pano de fundo para uma
minimalista discussão sobre a pequenez evolutiva do ser humano, o ódio
irracionalmente alimentado por gerações, que é estimulado pelo local de
nascimento do outro, focando sua lente em três casais, de lados opostos na
batalha, lutando por um amor proibido. Vale salientar a excelente atuação de Tihana Lazovic, desafiada constantemente
pela preferência do diretor por planos fechados, conseguindo compor três
variações antagônicas de uma mesma angústia existencial. Achei interessante a
utilização nada óbvia de uma paleta de cores vivas na fotografia de Marko
Brdar, possibilitando um contraste brutal nas cenas dramaticamente mais
intensas.
O senso de ritmo, algo sempre complicado em uma antologia, é muito
competente, com um equilíbrio emocional perfeito, com destaque para a
ingenuidade encantadora que move a primeira história, superior em vários
aspectos, a tentativa de fuga de um casal para a realidade menos ingrata da
cidade grande. A mensagem mais bonita ocorre no desfecho da terceira história,
após muito sofrimento, uma sinalização otimista de esperança no horizonte, com
uma geração que parece interessada em se libertar dos grilhões do passado.
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