“Ele roubou porque é pobre, não teve oportunidade na
vida...”
Eu sinto profunda vergonha, estou realmente preocupado com
essa nova mentalidade que parece estar se espalhando, com as notícias recentes
sobre os arrastões. Justificar a crueldade, a deficiência de caráter, a má
índole, com a carência de bens materiais, não é somente um argumento
incrivelmente desonesto e cretino, mas, também, uma atitude irresponsável de
omissão perante um processo político de base ideológica simplista, com
interesses populistas e eleitoreiros na manutenção do caos. A gênese pode ser
traçada facilmente, um calculado interesse em dividir a nação, com um discurso
de ódio, em duas trincheiras: pobres e ricos. Como se a desigualdade social
fosse um fenômeno moderno. A única pobreza que verdadeiramente limita o ser
humano é a de caráter.
O filho da comunidade mais pobre, aquele que foi criado com
dificuldade por uma mãe analfabeta, que trabalhou em dois empregos, por toda a
vida, para garantir que o menino fosse “do bem”, sabe que há valor na leitura
de um livro, algo mais importante do que adquirir celulares caros. Prevejo com
temor um futuro onde a mãe de um preso, ao visitar o filho na penitenciária,
irá parabenizá-lo pelo compreensível revide na sociedade injusta. E irei dizer:
sou de uma época em que as mães de presos, por menos instrução que tivessem,
sentiam vergonha pelas atitudes do filho criminoso. É uma questão de caráter,
índole. O real problema que deveria ser o foco nas discussões é a parentalidade
irresponsável, uma família composta por seis crianças, inseridas em uma
realidade onde apenas um deles, com dificuldade, poderia se alimentar de forma
digna. E como o sistema atua nessa questão? Incentivando, com benefícios
materiais, a produção irresponsável de filhos. Basta somar 2 e 2, não é
complicado. O adulto que não compreende essa equação cruel, que formará um
legado terrível para as próximas gerações, não enxerga dois palmos diante do
nariz, ou, na pior das hipóteses, está sendo beneficiado nessa manutenção do
caos. O tipo de egoísmo imediatista que possibilitou tragédias históricas.
A desigualdade social sempre existiu, sempre irá existir.
Somente o trabalho e o estudo dignificam o ser humano. A dificuldade é um
obstáculo a ser superado, ela engrandece o esforço. A pobreza que deve ser
temida é a de espírito. O caráter se fortalece nas situações mais complicadas.
O estímulo ao coitadismo, o vitimismo manipulador, é o recurso dos
incompetentes, estratégia política pouco original que visa apenas a permanência
no poder. Essa absurda inversão de valores, caso não seja interrompida, será um
câncer maligno no futuro próximo do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário