segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Entrevista com Braz Chediak


Em mais uma entrevista exclusiva para o "Devo Tudo ao Cinema", conversei com o amigo, grande diretor/roteirista/escritor, Braz Chediak, responsável por filmes como: "Os Viciados", "Bonitinha Mas Ordinária", "Perdoa-me Por Me Traíres", "Dois Perdidos Numa Noite Suja" e a obra-prima: "A Navalha na Carne". E, num gesto muito carinhoso, ele enviou uma foto especial para o blog. Obrigado, Braz!

O – Quero inicialmente dizer que é uma honra ter conquistado sua amizade, você está no seleto grupo de pessoas a quem mostro meus curtas em primeira mão, buscando sua opinião sempre sincera. Eu te respeito demais como profissional e admiro sua generosidade. Bom, dito isso, quais foram as suas referências artísticas quando decidiu se tornar um cineasta? Você se recorda dos filmes que assistiu quando criança, aqueles que te iniciaram nesse mundo de sonhos, captando sua imaginação?

C - Obrigado, Octavio. Como você sabe, sou de uma cidade, Três Corações, MG, onde a cultura não existia e até hoje ainda é frágil. Ainda não temos teatro, escolas de Artes, etc., etc., mas tive a sorte de, quando vim morar aqui, já adolescente, existir três cinemas que exibiam filmes diferentes. Um por dia. Então, talvez para fugir à minha realidade, que era dura, me refugiei nos livros e nos filmes. Me apaixonei pelos faroestes, pelos filmes de suspense, pelas comédias. Consequentemente, conheci John Ford, Hitchcock, George Stevens, Elia Kazan, e alguns outros diretores. Dos primeiros, ficava admirado com o ritmo, a atmosfera (ainda que, na época, não sabia o que era isto), como prendiam o público em seus filmes. De Kazan, a direção de atores. Marlon Brando, James Dean e tantos outros me levavam ao cinema. E, como todos os homens, curti grande paixão por Marilyn Monroe, Natalie Wood, e outras estrelas mais.
Ah, gostava, também, do Roger Corman. Ainda hoje gosto e fiquei feliz em vê-lo como ator no SILÊNCIO DOS INOCENTES, o que considerei uma homenagem.
Mas, voltando à sua pergunta: foi nessa época, eu tinha uns 14 anos, que decidi trabalhar em cinema.

O – Sei que você não assiste a seus próprios filmes, irritado com os produtores que, com o objetivo de encaixar as obras no formato televisivo, acabaram cortando o material, criando algo diferente. Essa mutilação perturba aquele que se dedicou tanto na criação minuciosa do projeto. Além de pedir sua opinião sobre isso, aproveito para aprofundar o tema. O cinema popular que é feito hoje no Brasil é, com raras exceções, o formato televisivo, em estética e linguagem, exibido na tela grande, uma espécie de caminho inverso. Vejo isso como algo prejudicial e sintomático. Você concorda comigo?

C - Claro, concordo, mas é preciso compreender que cada Arte tem sua linguagem. E reconhecer a força da TV. Assim como temos que reconhecer a força da Internet.
A Arte, como tudo, caminha. Veja o livro, por exemplo: o Digital já está tomando conta, você carrega uma biblioteca, com milhares de livros, no bolso. Ainda que goste do livro/papel, reconheço que o digital é um avanço, evitará que milhões de árvores sejam cortadas, é fácil de carregar e, em menos de cinco anos não haverá mais analfabetos no planeta. Toda criança aprenderá ler para poder digitar.
Quanto ao cinema brasileiro, está acontecendo o que aconteceu com o teatro na década de 60.
Te dou um exemplo: um dia, creio que em 1964, fui assistir a uma peça no centro do Rio em companhia de alguns atores e atrizes. Quando chegamos na Cinelândia, havia uma fila imensa e um dos atores, creio que o Paulo Autran, comentou: “hoje a casa vai lotar”, mas outro que estava conosco riu e respondeu: “O Cinema Palácio vai lotar. A fila é para ver o James Bond.” E era. O teatro estava praticamente vazio.
E a previsão, creio que de Andy Warhol:  “no futuro cada um fará seu próprio filme!”, está se realizando. E isto é bom. Muitos cineastas surgirão daí.
Mas, como todas as Artes, o cinema continuará. A Arte não morre, ela se transforma.

O – Como você vê a atual valorização das chanchadas, essa expressão que já sintetiza o preconceito, pela crítica? Não somente o trabalho realizado pela Cinédia, Atlântida e Vera Cruz, mas, também, a vertente das pornochanchadas da década de setenta? Você esteve inserido, com filmes como “Os Mansos”, “Banana Mecânica” e “Eu Dou O Que Ela Gosta”, O Roubo das Calcinhas”. O entretenimento popular sempre será visto com desprezo em uma sociedade que sofre de complexo de vira-latas?

C - Chanchada vem de “chancho”, porco, em espanhol. Foi criada pela crítica velha, que comia na mão de Hollywood. Imagina, naquela época existia até um “Embaixador” de Hollywood no Brasil, Harry Stone. Como se fossemos uma republiqueta bananeira.
A recuperação das chanchadas se deve à nova crítica, que dá mais valor à nossa luta, sem preconceitos, que compreendem que foi ela, a chanchada, que mais preservou a imagem visual e os gostos do País.
Quanto ao rótulo de “pornochanchada”, também criada por um crítico velho, creio que do JB, também foi criada para desmoralizar o cinema popular brasileiro. Como fazer pornografia em plena ditadura militar, com uma censura apavorante?  As chamadas “pornochanchadas”, hoje, são ingênuas até nas matinês da Angélica ou da Xuxa.
Mas o Brasil era o 5º maior mercado cinematográfico do mundo. Então os americanos molharam a mão da mídia, de críticos da época, para destruir esse mercado para nossos filmes.
Nelson Rodrigues cunhou bem a expressão “complexo de vira-latas”. Até os próprios cineastas – que não eram tão cultos como gostavam de aparentar -  torciam o nariz para aqueles que faziam filmes que agradavam ao povão. Tinham uma expressão para os desclassificar: “Você está se vendendo ao Sistema”.
O Sucesso de NAVALHA NA CARNE, que dirigi, provocou ira entre alguns “cineastas intelectuais” que não conseguiam fazer um bom filme, não sabiam onde colocar uma câmera, que lente usar, etc., etc. Eram amadores, que não tiveram a humildade de aprender a técnica com os velhos diretores.
Revi, recentemente, Os Mansos – onde lancei Paulo Coelho como ator. Fique chateado, pois o filme está todo mutilado. E pelo próprio produtor, que foi quem me enviou o DVD. Cortou todos os finais de gags ou piadas. Ficou como se fosse uma ejaculação precoce.
Hoje as coisas estão mudando. Filmes populares são aplaudidos pelos espectadores e pela crítica que faz comentários lúcidos, mostrando que conhecem as dificuldades de um cinema que continua de cuia na mão, procurando alguns trocados.


O – Sempre digo que a dificuldade é um terreno fértil para a criatividade, não é um empecilho, mas uma bênção. Como você definiria a relação entre o baixo orçamento e a criatividade no trabalho de um cineasta? Você lembra algum exemplo de situação onde você teve que se forçar além dos limites financeiros, improvisando, como forma de finalizar uma cena?

C - NAVALHA NA CARNE teve um orçamento menor que $ 20.000 (Vinte Mil Dólares).  Em DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA, me desentendi com o produtor, Jece Valadão,  logo na primeira semana de preparação. Ele ficou magoado por eu não tê-lo colocado no filme e, então, com cotas vendidas, sabotou as filmagens. Muitas vezes, tive que parar as filmagens porque não tínhamos negativo, era preciso correr daqui pra ali para conseguir um pedaço, metade de uma lata de negativo, para filmar. Às vezes faltava até um simples sanduíche de mortadela para os atores e equipe.
O produtor cortou sem minha autorização, uns 20 minutos de, em Bonitinha Mas Ordinária, mas mesmo mutilado o filme resultou num estrondoso sucesso de bilheteria.
Aliás, em todos os meus filmes tive dificuldades no orçamento. Exceto em AS CONFISSÕES DE FREI ABÓBORA, onde o Herbert deu todo apoio. Mas faltou o essencial: o roteiro. Sem um bom roteiro não existe bom filme. E fiz o filme sem roteiro, sem rota, sem rumo. Ficou ruim, mas a culpa é inteiramente minha.

O – Você é, de forma justa, reconhecido por ser um mestre na adaptação de textos espinhosos, polêmicos, como Nelson Rodrigues e Plínio Marcos. Como é o seu trabalho de decupagem, tentando extrair a essência da obra literária, transportando-a para a linguagem cinematográfica? Quais são as suas preocupações nesse processo?

C - Tive a sorte de ser amigo do Plínio e do Nelson e isto me deixava à vontade para discutir com eles, compreender seus pensamentos e expor os meus. Mas, para compreender melhor, li tudo do Plínio antes de começar NAVALHA. E a obra do Nelson eu conhecia e acompanhava desde que ingressei no meio teatral. Eu e Jofre, filho do Nelson, tínhamos como brincadeira sentarmos num bar e, enquanto bebíamos, criávamos diálogos semelhantes ao do Mestre ou interpretávamos seus personagens. Era um exercício fantástico.
E assistia à estreia de suas peças, muitas vezes ia aos ensaios. O Nelson me convidou para fazer o personagem do garoto de TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA no palco.
Mas eu ia fazer um filme e não pude. Então indiquei o Enio Gonçalves, que era um grande amigo e, como eu, estava começando. E o Enio fez com muito talento, cercado por Nelson Xavier, Cleyde Yáconis, Luiz Linhares, tudo sob a direção do mestre Ziembinski.
Mas, voltando ao principal, eu tinha a consciência que filme é filme, peça é peça. E tomava muito cuidado para não fazer um “filme teatral”. Acho que consegui.


O  – Considero “A Navalha na Carne”, de 1974, a sua obra-prima, um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos. Antes de filmar o curta “Teresa”, fiz questão de rever, pra me inspirar na fantástica criação de clima que você conseguiu nas filmagens, aquela utilização maravilhosa do silêncio (além dos quase 30 minutos iniciais só com sons diegéticos), os planos fechados, uma composição imagética brilhante. Claro que há mérito nas atuações, Jece Valadão, Emiliano Queiroz e a fantástica Glauce Rocha, mas, sem dúvida, a sua impressão digital na construção daquele ambiente foi fundamental no resultado. Compartilhe com meus leitores os bastidores dessa produção, o trabalho com os atores, a dificuldade de transpor o texto de Plinio Marcos.

C - Minha responsabilidade era grande. Vários diretores tentaram fazer o filme e não conseguiram. Entre eles o Carlos Alberto Souza Barros, e o D’AVERSA. Não conseguiram. A censura estava de olho. O Plínio sofria perseguições, etc., etc.
Quando propus ao Jece fazer o filme ele fez algumas exigências: que o orçamento fosse baixíssimo, que filmássemos rapidamente (no máximo um mês, mas fiz em 20 dias) e que ele fosse o ator principal e a Tônia a atriz.
Ponderei que a Tônia era muito bonita, seria difícil fazer dela uma mulher que não arruma freguês na prostituição. Na época, não tínhamos maquiadores especialistas em envelhecimento.  Mas ele insistiu e lá fomos nós para a casa da Tônia, em Cabo Frio. Lá ela nos recebeu com um bom whisky na mão e Jece e eu bebemos com ela. Deixei os dois conversarem. Lá pelas tantas ela disse qualquer coisa que o Jece não gostou. Ele então me chamou para ir embora. Mas como estava achando tudo engraçado, disse que iria assim que terminasse o Whisky e bebi bem devagar, curtindo a inteligência e a beleza de Tônia e o mau humor contido do Jece.
Quando saímos ele disse: “Chediak, vamos chamar a Norma Benguell!”. Fiz as mesmas ponderações: “Norma é jovem, bonita, etc., etc.” Mas ele bateu o pé.
Voltamos para o Rio e conversamos com Norma. Ela aceitou fazer o papel e pedi a ela que não tomasse sol, não fosse à praia, etc. A pele queimada de sol absorve menos a maquiagem e não dá a textura bonita da pele sem sol. 
Uma semana depois liguei para pedir à Norma que fosse aos Estúdios para provar roupas e sua empregada me disse que ela estava na praia. Comuniquei o fato ao Jece – ele era um ator cuidadoso, não havia tomado mais sol – e pedi a ele que resolvesse a questão, pois não poderia filmar com uma mulher queimadíssima de sol fazendo um personagem que vive à noite.
Não sei o que conversaram, mas pouco depois o Jece disparou: “Chediak, a Norma tá fora. Vamos chamar a Thereza Rachel.”
Então não aguentei e expliquei a ele como eu pensava o personagem, etc., etc. Ele me perguntou: “E quem você acha que pode fazer?”  Eu disse: “A Glauce”. Ele achou que ela não aceitaria, pois estava com uma peça em cartaz e com excursão marcada, mas o chamei para ir falar com ela à noite, no Teatro onde ela estava se apresentando.
Conversei com a Glauce nos camarins e ela se emocionou. Me deu um grande abraço, aceitou na mesma hora e nos convidou para ir à casa dela, depois do espetáculo,  para vermos alguma roupa que a personagem poderia usar. Fomos, ela trocou diversas vestidos, pacientemente, até que gostei de um. Antes de sair ela me abraçou novamente e perguntou: “Você acha que dou conta?”. Eu respondi: “Você é Glauce Rocha”. Ela ficou segurando minha mão muito tempo.
Fez o filme. E o cinema nacional ganhou, disparado,  sua melhor interpretação feminina até que chegou Lucélia Santos, em Bonitinha, para se emparelhar com nossa querida Glauce.
Hoje sou grato pelas interpretações de grandes atrizes em filmes que dirigi: Glauce em Navalha,  Lucélia em Bonitinha, Vera Fischer em PERDOA-ME POR ME TRAÍRES.

O – Sei que não acompanha os filmes brasileiros atuais, preferindo a literatura. Imagino que haja um pouco de mágoa profissional inserida nessa afirmação. Posso estar enganado, mas minha sensibilidade me diz que, assim como eu, um fã do seu trabalho, você também acredita, com toda razão, que merece maior reconhecimento. Todos os grandes diretores que afirmaram esse desapego sentiam que estavam sendo mais valorizados pelos estrangeiros, do que pelo seu próprio povo. A grama do vizinho é sempre mais verde. Como crítico e público, torço pra que o senhor volte para trás das câmeras. Sei que não sou o único. Fique à vontade para abordar esse afastamento e as questões que incito no texto.

C - Existe uma coisa que, no Brasil, é uma constante. Não acreditam que um idoso (tenho 73 anos) possa ser criativo. Por isto a expressão “O BRASIL É UM PAÍS JOVEM). E, francamente, não tenho talento para ficar horas, com uma pastinha nas mãos, esperando para ser atendido por um executivo, em busca de patrocínio.
Fui um diretor de Estúdio: Eu cuidava do filme, o produtor do dinheiro.
E um fator também determinante: não tenho visto bons textos ultimamente. E, por incrível que pareça, eu que escrevi tantos roteiros, que era chamado para consertar roteiros alheios, não sinto vontade de escrever um roteiro pra eu dirigir.
E, também, tenho um projeto com crianças carentes, em minha cidade, que me dá muitas lições diárias, me ajuda a compreender diversos ângulos diferentes da miséria espiritual e material que campeia no Brasil.
Fico feliz quando meus alunos e minhas alunas saem daqui e trabalham em peças no Rio, em novelas e especiais na TV Globo ou outra qualquer, fazem Universidades, Escola Nacional de Circo, UFMG, etc., etc.


O – Acredito que a música é um elemento essencial em uma mente criativa. Seu filho, Yassir Chediak é um grande músico, então acredito que ele tenha puxado essa paixão do pai. Como é o seu gosto musical? Você já utilizou conscientemente a música como inspiração em algum trabalho?

C - Por incrível que pareça, a música me atrapalha em muitos momentos. Não consigo ler, escrever ou dirigir ouvindo música. Para isto, preciso de silêncio total. Assim como, quando paro para ouvir música, não gosto de nenhum ruído a meu lado. Acho que, por isto, fiz o NAVALHA e os DOIS PERDIDOS sem nenhuma música.
Quanto a meu gosto, transito bem entre o Beethoven e o Brega, entre o Sertanejo e Mozart. Não tenho preconceitos, música é música. Dependendo do momento, sou capaz de ouvir uma ópera do Verdi, por exemplo, ou ficar horas ouvindo o popular, como Luiz Gonzaga, Sérgio Reis, Reginaldo Rossi ou Roberto Carlos. Claro, alguns compositores me tocam mais, como Mozart, Beethoven, Bach, Bizet, por exemplo. Ou Milton Nascimento, Chico, Caetano, Gil, etc., etc. 

O – Caso você tivesse que selecionar três filmes brasileiros, de qualquer época, fora os seus projetos, como representantes do que de melhor nossa indústria pode oferecer, quais seriam?

C -  Pergunta difícil de responder. Mas vejo com carinho O CANGACEIRO, DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL, O BANDIDO DA LUZ VERMELHA, O BICHO DE 7 CABEÇAS... São muitos, Octavio, não dá para ficar só em três. Seria injusto com tantos outros, dos quais não me lembro agora.
Mas uma coisa que acho, também, injusta é o esquecimento de bons diretores como o Lima Barreto, o Aurélio Teixeira, o Person, e tantos outros que fizeram a história de nosso cinema. Sem esquecer o Manga, o Watson Macedo, o Vitor Lima, que faziam as nossas queridas chanchadas. Creio que o Mazzaropi é o único lembrado, é um fenômeno de público até hoje.

O – Braz, finalizando, eu te agradeço pela entrevista e pelo carinho que sempre teve com meu trabalho. E, por gentileza, deixe uma mensagem especial para meus leitores. 

C - Seus leitores são jovens cineastas ou apaixonados pelo cinema. O que posso falar? Talvez, que eles procurem ver, sempre, os clássicos brasileiros e do mundo inteiro, que não tenham preconceitos, compreendam que toda manifestação de Arte é importante e que realizar um filme, publicar um livro, gravar um CD, no Brasil é um milagre. E quando alguém consegue, vamos respeitar o milagre. E que leiam, leiam muito, sempre. Nelson Rodrigues, Shakespeare, Dostoiévski, Machado de Assis, Guimarães Rosa, etc., etc., devem ser lidos e relidos sempre, todos os dias.

E a você Octavio, que continue com a lucidez e o carinho com que trata o cinema e os cineastas. 

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