domingo, 29 de novembro de 2015

"Endorfina", de André Turpin


Endorfina (Endorphine - 2015)
Simone, aos doze anos, testemunhou o brutal assassinato da mãe, uma experiência que abala profundamente sua psique. Analisando essencialmente a percepção do tempo, o roteiro atravessa três fases de sua vida, numa espécie de looping que embaralha eventos e personagens. 

A sua versão adulta defende o leitmotiv da analogia entre o registro cinematográfico e a vida, uma ideia trabalhada de forma bastante didática no primeiro ato, porém, esquecida em certo ponto da trama. Pra início de conversa, a despeito de um tema com tremendo potencial, a execução desse filme é um imbatível antídoto pra insônia. Existem exemplos de obras similares em complexidade no gênero, como o pouco citado: “Primer”, que conseguem elaborar um quebra-cabeça fascinante, onde, ao final, o espectador se sinta plenamente satisfeito, mesmo que não tenha compreendido boa parte da história. Você se sente intimado a rever, pelo prazer da experiência de ser intelectualmente estimulado, algo cada vez mais raro no cinema.

“Endorfina”, por outro lado, joga peças de um enredo altamente confuso, sem desenvolver sequer medianamente qualquer arco narrativo, causando apenas irritação. Um equívoco básico: não conhecemos minimamente a protagonista, consequentemente, não nos importamos com ela. Como a narração é um recurso amplamente utilizado, esse equívoco é fatal, transformando todo o segundo ato em uma palestra chata sobre astrofísica, comandada por alguém sem carisma e senso de palco. O diretor André Turpin demonstra claramente não ter noção do caminho que quer seguir, conduzindo a cenas de um hermetismo tão absurdo que causam risos involuntários. 

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