sexta-feira, 24 de julho de 2015

Rebobinando o VHS - "Operação Kickbox"

Link para os textos do especial:


Robert Radler, um diretor reconhecido por seus filmes de ação, que dá palestra no TED, e que, recentemente, lançou um documentário intitulado “Turn it Up”, celebrando a história da guitarra elétrica. Só por essa trajetória esquisita, ele já merece ser lembrado nesse especial.


Operação Kickbox (Best of The Best – 1989)
A equipe americana de Kickbox se prepara para enfrentar seus rivais coreanos. Durante o exaustivo treinamento, eles se unem cada vez mais, mas também enfrentam dúvidas pessoais sobre a competição. O grupo americano formado pelos melhores atletas deve competir representando seu país nas fases finais do campeonato mundial de karatê em Las Vegas. 


O filme é tão interessante quanto sua sinopse deixa transparecer. Faço questão de iniciar citando uma das frases mais impactantes da trama, dita pela bela treinadora assistente, Sally Kirkland, boa atriz, afilhada de Shelley Winters, porém, em péssimo momento: “Vencer não é uma coisa de momento. Vencer é uma coisa de sempre”. E, devido à intensidade filosófica desse profundo ensinamento, ela faz questão de revelar que não é de sua autoria, mas, sim, de Vince Lombardi, um treinador campeão do Super Bowl. Sentiu a qualidade do material? Coitada da atriz, sendo colocada para quebrar tijolos empilhados, quando deveria, na realidade, quebrar tijolos na cabeça de seu agente, já que havia acabado de ganhar um Globo de Ouro, três anos antes, pelo drama: “Anna”. Mas ela não era a única que precisava pagar suas contas atrasadas. Temos no elenco o Chris Penn, irmão do Sean Penn, vivendo um kickboxer, além do James Earl Jones, como uma variação do mesmo James Earl Jones de sempre, brincando de Bernardinho, técnico cabeça quente, disposto a extrair o melhor de seus atletas. Como se a desgraça fosse pouca, a produção ainda conta com o Paul Gilman, responsável por uma das piores trilhas sonoras no gênero. Ele foi trocado no segundo filme, que consegue ser ainda pior que o primeiro, pelo David Michael Frank, um profissional mais experiente, com várias trilhas de filmes B de ação na bagagem, como os primeiros trabalhos do Steven Seagal.

Na marca dos vinte minutos, quando os lutadores estão batendo aquele papo trivial, soltando piadinhas tolas e conhecendo os quartos onde eles irão ficar alojados, você já acha que vai morrer de tédio, com o roteiro tentando nos fazer acreditar que os personagens vazios possuem algum carisma, uma conexão emocional que simplesmente não funciona. Essa sequência miserável, em suma, é uma versão condensada do início de qualquer reality show. As coreografias das lutas urbanas, fora do campeonato, são medonhas, com oponentes apanhando de chutes e socos que sequer chegaram perto dos rostos, um erro tosco de enquadramento. É nesse momento que você sente falta dos excelentes filmes dos Shaw Brothers. O protagonista, Eric Roberts, alguém que claramente é um artista marcial fake, que caiu de paraquedas no gênero, não saberia trocar pontapés com uma criança. Chega a ser cômica a forma como as coreografias em suas cenas são trabalhadas com base em sua limitação, o que, excetuando as óbvias utilizações de um dublê, conduz a várias sequências de exibições de técnicas femininas básicas de prevenção de estupro. Até o Van Damme, em essência, um bailarino carismático, é mais lutador que ele.

Essa fita poderia muito bem estar mastigada, ou até desmagnetizada, que não faria diferença alguma. 

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