Link para os textos do especial:
Robert Radler, um diretor reconhecido por seus filmes de
ação, que dá palestra no TED, e que, recentemente, lançou um documentário
intitulado “Turn it Up”, celebrando a história da guitarra elétrica. Só por
essa trajetória esquisita, ele já merece ser lembrado nesse especial.
Operação Kickbox (Best of The Best – 1989)
A equipe americana de Kickbox se prepara para enfrentar seus
rivais coreanos. Durante o exaustivo treinamento, eles se unem cada vez mais,
mas também enfrentam dúvidas pessoais sobre a competição. O grupo americano formado
pelos melhores atletas deve competir representando seu país nas fases finais do
campeonato mundial de karatê em Las Vegas.
O filme é tão interessante quanto sua sinopse deixa
transparecer. Faço questão de iniciar citando uma das frases mais impactantes
da trama, dita pela bela treinadora assistente, Sally Kirkland, boa atriz, afilhada
de Shelley Winters, porém, em péssimo momento: “Vencer não é uma coisa de
momento. Vencer é uma coisa de sempre”. E, devido à intensidade filosófica
desse profundo ensinamento, ela faz questão de revelar que não é de sua
autoria, mas, sim, de Vince Lombardi, um treinador campeão do Super Bowl. Sentiu
a qualidade do material? Coitada da atriz, sendo colocada para quebrar tijolos
empilhados, quando deveria, na realidade, quebrar tijolos na cabeça de seu
agente, já que havia acabado de ganhar um Globo de Ouro, três anos antes, pelo
drama: “Anna”. Mas ela não era a única que precisava pagar suas contas
atrasadas. Temos no elenco o Chris Penn, irmão do Sean Penn, vivendo um
kickboxer, além do James Earl Jones, como uma variação do mesmo James Earl
Jones de sempre, brincando de Bernardinho, técnico cabeça quente, disposto a
extrair o melhor de seus atletas. Como se a desgraça fosse pouca, a produção
ainda conta com o Paul Gilman, responsável por uma das piores trilhas sonoras
no gênero. Ele foi trocado no segundo filme, que consegue ser ainda pior que o
primeiro, pelo David Michael Frank, um profissional mais experiente, com várias
trilhas de filmes B de ação na bagagem, como os primeiros trabalhos do Steven
Seagal.
Na marca dos vinte minutos, quando os lutadores estão
batendo aquele papo trivial, soltando piadinhas tolas e conhecendo os quartos
onde eles irão ficar alojados, você já acha que vai morrer de tédio, com o
roteiro tentando nos fazer acreditar que os personagens vazios possuem algum
carisma, uma conexão emocional que simplesmente não funciona. Essa sequência miserável,
em suma, é uma versão condensada do início de qualquer reality show. As
coreografias das lutas urbanas, fora do campeonato, são medonhas, com oponentes
apanhando de chutes e socos que sequer chegaram perto dos rostos, um erro tosco
de enquadramento. É nesse momento que você sente falta dos excelentes filmes dos
Shaw Brothers. O protagonista, Eric Roberts, alguém que claramente é um artista
marcial fake, que caiu de paraquedas no gênero, não saberia trocar pontapés com
uma criança. Chega a ser cômica a forma como as coreografias em suas cenas são
trabalhadas com base em sua limitação, o que, excetuando as óbvias utilizações
de um dublê, conduz a várias sequências de exibições de técnicas femininas
básicas de prevenção de estupro. Até o Van Damme, em essência, um bailarino
carismático, é mais lutador que ele.
Essa fita poderia muito bem estar mastigada, ou até
desmagnetizada, que não faria diferença alguma.
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