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Tambores da Morte (Drums Across the River - 1954)
Crown City pode se tornar uma cidade fantasma, pois todo o
seu ouro está localizado em terra indígena. Gary Brannon (Audie Murphy), um
homem honesto que odeia índios, se junta a uma missão para tentar concessões de
mineração, mas o líder do grupo, o ganancioso Frank Walker, planeja em segredo
começar uma guerra contra os índios para tomar suas terras. Gary e seu sábio
pai Sam têm agora nas mãos a manutenção da paz e terão de juntar forças com os
índios para impedir os planos de Walker.
Hoje injustamente esquecido, Audie Murphy foi um dos heróis
de guerra mais condecorados e famosos da Segunda Guerra Mundial. Ele prezava
tanto sua imagem como modelo de boas condutas, que recusava participar de
comerciais de álcool e cigarro. Incentivado por James Cagney, estudou métodos
de atuação. Durante vinte anos, teve sua respeitabilidade utilizada pela
indústria de cinema, como o mocinho de obras de guerra e, em sua maioria,
faroeste. Ainda que não tenha participado de nenhuma obra-prima no gênero,
"Tambores da Morte", dirigido por Nathan Juran, que quatro anos
depois viria a comandar "Simbad e a Princesa", clássico do saudoso
Ray Harryhausen, é um dos mais divertidos, com a presença sempre carismática de
Walter Brennan. Os dois vilões, vividos por Lyle Bettger e Hugh O´Brien, elevam
a qualidade do roteiro, mastigando cada cena, como Steve McQueen fazia muito
bem, como se fosse a última. Murphy atua de forma correta, mas é eclipsado
sempre que contracena com os dois.
Estigma da Crueldade (The Bravados - 1958)
Jim Douglas (Gregory Peck) chega à cidade às vésperas do
enforcamento de quatro bandidos. Eles os tem perseguido, pois acredita que
violentaram e mataram sua mulher. Mas horas antes da execução, os quatro
conseguem escapar, levando uma bela moça como refém, para tentar atravessar a
fronteira para o México. Enfurecido, Douglas persegue e aniquila um a um seus
inimigos, até que finalmente se revele um segredo que o deixará mais
desesperado por salvação do que por vingança.
O diretor Henry King realizou com esse ótimo faroeste, uma
experiência no gênero, apostando em um viés psicológico. O personagem vivido
por Gregory Peck está tão devotado à vingança, que nega seus princípios e se
cega perante seu compasso moral. Stephen Boyd, um ano antes de viver
"Messala" em "Ben-Hur", e Lee Van Cleef, que anos depois
viraria sinônimo de "Spaghetti Western", excelentes em cena, reforçam
o elenco como dois dos quatro foras-da-lei. Emoldurado por uma bela trilha
sonora de Alfred Newman e Hugo Friedhofer, que traduz melodicamente a
determinação psicótica que move o protagonista, mas deixando claro em seus
acordes que existe um herói honrado enterrado naquela montanha de amargura e
ódio. O desfecho continua poderoso, surpreendente e corajoso.
Irmão Contra Irmão (Saddle The Wind – 1958)
O pistoleiro aposentado e ex-soldado confederado Steve
Sinclair (Robert Taylor) está vivendo como um fazendeiro em uma pequena
comunidade. Ele colabora com o proprietário principal Dennis Deneen (Donald
Crisp), de quem aluga o rancho, para preservar a estabilidade comunal. Sua vida
tranquila é interrompida pela aparição de seu irmão mais novo, o emocionalmente
instável Tony (John Cassavetes) e a bela namorada de Tony Joan (Julie
London).
Muitos cinéfilos iniciantes, por não terem assistido muitos filmes
do gênero, costumam apontar “Os Imperdoáveis” como original em seu tema sobre
os efeitos corrosivos da violência nos pistoleiros. Mas existem vários
projetos, especialmente na década de cinquenta, quando o faroeste ganhou
contornos psicológicos, que lidam com o assunto de forma muito eficiente, como
“Irmão Contra Irmão”. Por trás do clássico confronto entre irmãos, existe uma
profunda análise sobre as repercussões psicológicas de se puxar um gatilho e
tirar a vida de alguém. Já na cena que é emoldurada pelos créditos iniciais,
numa ousadia narrativa, somos levados a crer que estamos assistindo a cavalgada
do herói, quando na realidade estávamos acompanhando o trajeto de um cruel
bandido, vivido por Charles McGraw. Outro aspecto interessante é que o roteiro
foi escrito por Rod Serling, o criador da série de ficção científica “Além da
Imaginação”. Uma ótima trilha sonora de Elmer Bernstein é a moldura perfeita,
incluindo uma bonita música-tema cantada por Julie London.
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