A bela Ginger Alden, que estava noiva de Elvis Presley no
ano da morte do eterno Rei do Rock, está lançando o livro de memórias “Elvis
and Ginger”, onde conta com riqueza de detalhes sua história ao lado do músico.
Ela esteve com ele durante sua fase mais complicada de saúde, enquanto outros
viraram as costas. Com extrema gentileza, ela concordou em responder algumas
perguntas minhas sobre um aspecto pouco abordado: o amor que ele sentia pelo
cinema. E, num gesto de extremo carinho, elogiou minhas gravações cantando o
repertório de Elvis e repetiu o gesto de Laura Truffaut (
http://www.devotudoaocinema.com.br/2014/09/entrevista-com-laura-truffaut.html),
fazendo questão de me enviar essa foto abaixo.
Thanks, Ginger!
O – Durante o tempo em que viveu com Elvis, você se recorda
de conversas sobre o período em que ele se dedicou ao cinema? Ele nutria
carinho nostálgico por sua carreira como ator?
G - Elvis não comentava muito comigo sobre sua carreira no
cinema. Nas vezes em que falava, sempre reforçava, como em uma tarde, que ele
se sentia frustrado por ambicionar mais papéis sérios. Quando estávamos
assistindo televisão e, eventualmente, um dos seus filmes estivesse sendo
transmitido, ficávamos vendo um pouco. Ele então trocava de canal, virando
pra mim e dizendo: “O mesmo roteiro, apenas locações diferentes”.
O – Quais eram os filmes favoritos de Elvis no período em
que viveram juntos? Ele costumava assistir filmes em casa?
G - Ele era apaixonado por cinema e amava uma boa comédia,
era seu gênero favorito. Nós assistíamos Monty Python, os filmes da “Pantera
Cor-de-Rosa”, mas ele também gostava demais das aventuras de James Bond. Alguns
nós assistíamos em casa, outros nas salas de cinema. Ele adorava especialmente
Peter Sellers, ao ponto de ficar imitando ele, como o Inspetor Clouseau, em
casa.
O – Elvis tinha alguma trilha sonora de cinema favorita que
costumava escutar em casa?
G - Eu não me recordo de alguma trilha sonora específica que
ele escutasse em casa, mas ele sempre deixava o rádio ligado, costumava dizer
que: “Música é a linguagem universal”.
O – Elvis era um cinéfilo, costumava fechar salas de cinema
nas madrugadas para poder assistir aos filmes. Você tem alguma história curiosa,
interessante, sobre essa paixão dele pelo cinema?
G - Ele alugava com frequência toda uma sala de cinema
durante a madrugada. Ninguém se sentava em nenhuma poltrona em sua frente ou
atrás. E, quando ele estava pronto pra assistir, ele só olhava para trás de seu
ombro, gritando diretamente para o projecionista: “Roll em!” (algo como “pode
rodar!”).
O – Dentre os filmes que ele protagonizou, qual é seu
favorito? E, no cinema em geral, quais filmes/diretores você mais gosta?
G - Eu ainda preciso ver todos os filmes dele, mas quando
criança eu lembro que adorava “Feitiço Havaiano” e “Amor a Toda Velocidade”.
Gosto bastante de “Balada Sangrenta”. Os filmes dele fazem você se sentir bem,
já que são muito divertidos, “pra cima”. Você acaba se surpreendendo, ao final,
caminhando pela casa e cantando as canções. Eu gosto muito de cinema, mas como
sou sulista, meu preferido sempre foi “E o Vento Levou”, dentre muitos outros.
O - Por favor, indique seu livro para os leitores
brasileiros, que, como eu, são fãs do legado artístico de Elvis. E, por
gentileza, deixe uma mensagem para os meus leitores.
G - O meu livro foi uma jornada muito emocional e espero que
os fãs de Elvis o terminem com uma melhor compreensão dos últimos meses dele,
do amor que sentíamos um pelo outro. Quero te agradecer pelo carinho e, para
todos os seus leitores, fiquem bem, divirtam-se com o cinema e “Roll em!”.
***
Elvis amava o cinema e sonhava em se tornar um ator, como
seu ídolo James Dean, cujas falas no clássico “Juventude Transviada” ele sabia
memorizadas, depois de assistir inúmeras vezes. Assim que conseguiu se destacar
no mundo da música, ele já sinalizou ao seu empresário, o mítico Coronel
Parker, o interesse em adentrar o universo de Hollywood. Ele atuou em trinta e
um filmes, num curto período de treze anos, conseguindo manter um incrível
sucesso nas bilheterias, carregando sozinho nos ombros todas as produções. É
comum se acreditar que foi uma década desperdiçada pelo astro, mas poucos
estudam esse fenômeno com atenção. Seus filmes salvaram estúdios,
proporcionaram a verba necessária para que clássicos hoje reverenciados
recebessem luz verde. Os roteiros eram, em sua maioria, simples, mas continuam
eficientes em seu propósito. Muitas das canções compostas para esses projetos
são pérolas injustamente pouco valorizadas. Elvis contracenou com vários nomes
importantes do cinema, como Barbara Stanwyck e até o inesquecível “Garoto” da
obra-prima de Charles Chaplin: Jackie Coogan. Ele era um profissional amado e
respeitado por todos aqueles com quem trabalhou, recebendo elogios por sua
atuação até do diretor de “Casablanca”: Michael Curtiz. É fácil se unir ao coro
do senso comum e afirmar que Elvis era um péssimo ator que fazia péssimos
filmes... Mas a realidade é bem diferente, como irão descobrir nesse especial.
A Seguir: “Ama-me com Ternura”