O Capanga de Hitler (Hitler´s Madman - 1943)
O filme conta a história do assassinato de Reinhard
Heydrich, comandante nazista, por rebeldes tchecos. Depois, houve a represália
ao povo da Tchecoslováquia pelos nazistas, dizimando a cidade de Lídice.
Neste filme testemunhamos o primeiro trabalho de Douglas Sirk
no cinema americano, com perceptível inspiração em Sergei Eisenstein e já
mostrando muita coragem ao se impor em uma indústria diferente, além de traços narrativos
recorrentes em sua filmografia, como o conflito entre as tradições e o novo
regime totalitário. Trata-se de mais uma eficiente peça de propaganda, rodada
em uma semana, porém com mais refinamento que a maioria que era produzida no
período. O desfecho, onde o povo da cidade dizimada pelos nazistas clama
diretamente ao público por um revide ideológico, ressalta a importância
histórica da obra, ainda que seja um elemento que a deixe bastante datada.
Como ponto alto, a excelente atuação de John Carradine, como
Reinhard Heydrich, organizador da Conferência de Wannsee, em 1941, que resultou
na aprovação da monstruosa "solução final para os judeus": o
holocausto. O roteiro evita a estratégia comum de buscar a empatia do
público por um monstro das páginas históricas, inserindo-o em um contexto
íntimo e ordinário, preferindo realçá-lo com tintas fortes. Em sua
interpretação, assistimos o retrato de um sistema condenado, em que os homens devoravam
a si mesmos, no intuito de destruírem a sociedade.
Os Carrascos Também Morrem (Hangmen Also Die! - 1943)
Franticek Svoboda é um médico tcheco membro da resistência
que assassina um carrasco alemão. A Gestapo, então, resolve caçar o responsável
e para conseguir o seu intento, os nazistas fazem execuções a cada hora de
cidadãos tchecos, querendo forçar a população a entregar o assassino.
Escrito por Bertold Brecht, sua única contribuição para o
cinema de Hollywood, com direção do sempre competente Fritz Lang, foi lançado
na mesma época que "O Capanga de Hitler” e com tema similar, abordando o
assassinato do nazista Heydrich. O maniqueísmo, usual nas peças de propaganda,
aliado à atuação exagerada do elenco que compõe o núcleo nazista, acaba criando
caricaturas. A fotografia expressionista é do grande James Wong Howe, responsável
por "O Indomado", "O Velho e o Mar" e a gema injustamente
pouco conhecida "O Segundo Rosto", de John Frankenheimer.
No filme,
podemos perceber que Lang, que auxiliou Brecht no roteiro, buscou inspiração em
seu próprio trabalho nos filmes de "Dr. Mabuse", especialmente
"O Testamento de Dr. Mabuse". Uma obra interessante do período em que
a propaganda era uma arma utilizada na Segunda Guerra Mundial, em que o
importante era incitar os valores do espírito humano defronte a possível
aniquilação.
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