Jane Eyre (1943)
Esta é a mais bela adaptação da obra de Charlotte Brontë,
com uma linda fotografia de George Barnes e uma direção refinada do subestimado
Robert Stevenson, sempre lembrado apenas por sua parceria de sucesso com a
Disney. Alguns aspectos podem incomodar os que apreciam o livro, indo além da
rápida compreensão de que as linhas narradas, nas cenas que detalham as páginas
do livro, não condizem com a realidade literária. Joan Fontaine estava no auge
de sua beleza, qualidade que a Jane do livro não compartilha, e falha na batalha
intelectual com o Rochester vivido por Orson Welles.
Sua personalidade é frágil e seu carisma reside na piedade
que suscita, não na força interna, o que fortalece o melodrama, objetivo claro
do roteiro. Mas quando focamos demais na fidelidade, estamos ignorando que a
linguagem cinematográfica é uma Arte própria, que pode complementar, nunca deve
substituir. Como as luzes expressionistas que emolduram a pequena Jane,
sentindo-se sozinha em um mundo cruel. Sua rebeldia contra a figura de
autoridade, ao ver os cachos do cabelo da amiga sendo cortados, algo
inexistente no livro, evidencia sua compaixão como a maior qualidade de seu
caráter. Um detalhe que vale ser ressaltado é a participação do escritor Aldous
Huxley, de “Admirável Mundo Novo”, na elaboração do roteiro, assim como uma
ponta não creditada de uma pequena Elizabeth Taylor, já demonstrando incrível
presença de cena.
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