Links para textos sobre outros filmes do diretor:
A Dama Oculta (The Lady Vanishes – 1938)
Durante viagem de trem pela Europa, a jovem Iris torna-se
amiga da Srta. Froy. Mas a simpática senhora desaparece misteriosamente e,
quando Iris investiga seu paradeiro, os passageiros negam tê-la visto.
O melhor filme da fase britânica de Hitchcock, com uma trama
passada em uma viagem de trem, utilizando como McGuffin a figura da enigmática
senhora Froy, que desaparece exatamente no fim do primeiro ato. E, mais genial
ainda, temos um Meta-McGuffin na forma de uma melodia que aparece logo no
início, mas que só se revela importante ao final. Interessante perceber que o
elemento da espiral, que o diretor trabalharia de forma definitiva em “Um Corpo
que Cai” (Vertigo – 1958), já se mostra presente em seus primeiros projetos. O
título do romance no qual o filme se baseia: “The Wheel Spins”, alude ao
movimento das rodas do trem, como símbolo e veículo onírico, ao mesmo tempo, de
mobilidade e imobilismo. Não é coincidência que as rodas apareçam na montagem
que acompanha o primeiro (serão cinco ao total) desmaio da personagem Iris
(Margaret Lockwood), que está voltando para se casar com um homem que não ama,
apenas pelo nome importante que ele carrega. Detalhes que são perceptíveis em
revisões acentuam o fato de que ela, como alguém que busca se tornar uma “Lady”
ao se casar com alguém de classe social mais abastada, representando a
sociedade britânica da época, é quem está verdadeiramente “desaparecendo”
(vanishing).
Correspondente Estrangeiro (Foreign Correspondent – 1940)
A história de Johnny Jones (Joel McCrea), um correspondente
de um jornal de Nova York que vai à Europa com um nome falso, para cobrir
aquilo que seria um inevitável começo da Segunda Guerra Mundial. Durante um
turno de trabalho, presencia a morte de um diplomata holandês. Tudo se complica quando ele descobre que quem morreu na verdade
não foi o diplomata, e sim um sósia, e que na verdade ele fora sequestrado por
agentes que desejam um segredo seu.
O filme que Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista,
considerou: “uma obra-prima da propaganda”, normalmente esquecido pelos jovens
fãs que Hitchcock acumulou ao longo das últimas décadas, mas que se mantém
firme e resiste ao teste do tempo, mesmo sendo claramente um produto das
paranoias de seu tempo. Após um início esquisito na América com o premiado
“Rebecca”, onde era inegável perceber que muito pouco do diretor estava
presente na obra, parecia que o inglês aceitaria as imposições do estúdio
americano e acabaria perdendo sua identidade, mas esse segundo esforço
provou-se um teste de resistência para o realizador. O produtor Walter Wanger
insistia em reescrever o roteiro, enquanto as filmagens estavam sendo
realizadas. Algo inconcebível para o diretor, que respeitava demais seu próprio
talento e não aceitaria ser um reles peão na indústria. Com duas sequências que
coloco entre as melhores da filmografia do cineasta: o assassinato na chuva e o
bombardeio de um avião, esse filme merece constar entre os grandes do mestre do
suspense.
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