– O texto crítico não precisa necessariamente contar a sinopse do filme, análises profundas podem ser feitas a partir de apenas uma cena, como base argumentativa para abordar variados aspectos técnicos. A trama em detalhes será conhecida pelo espectador ao ver o filme, faz parte da experiência.
– É louvável o interesse em ler análises críticas de filmes
que ainda não foram vistos, até mesmo daqueles que a pessoa não se interessaria
inicialmente em conhecer. O instinto do garimpo intelectual é elemento
fundamental no dedicado apreciador de cinema.
– As listas preparadas por um crítico são formadas com base
no critério utilizado pelo profissional. Quando o leitor comenta de forma
depreciativa sobre a ausência de qualquer outra produção, não apenas está
afirmando desconhecer a função da crítica, como também está desrespeitando
inconscientemente o crítico.
– Textos grandes ou textos curtos? Existem análises longas
que dizem pouco, existem análises curtas que dizem muito. É preferível aparar
arestas a ser repetitivo.
– Quando o crítico brasileiro se torna um adulador de um
cineasta nacional ainda ativo, por mais vantajoso que isso possa parecer ser a
princípio, soa forçado e destrói o conceito da imparcialidade crítica. O
respeito sóbrio e sincero é sempre o melhor caminho nessa relação. É preferível
ser um escritor discreto, ao invés de um “Amaury Jr.” arroz de festa.
– Seja responsável e coerente, o profissionalismo não se
mede pela respeitabilidade do veículo em que você trabalha, mas pela seriedade
com que você o realiza. Seja grande em um blog pequeno, a qualidade de seu
trabalho será reconhecida por aqueles que se dedicam com a mesma seriedade.
– Não peça colaboração financeira de seus leitores por
textos diários, escreva um livro, prepare um curso/oficina, comercialize um
produto, mas não se vitimize publicamente para induzir os leitores a se
tornarem “patrões”. O crítico profissional não deve ser remunerado por seus
leitores, eles já te presenteiam com o elemento mais precioso, a atenção com o
texto e a indicação de seu trabalho para amigos e familiares. A situação está
muito complicada para todos que tentam propagar cultura no país, mas eu prefiro
morrer de fome a pedir que meus leitores paguem pelo meu trabalho.
– Não “curta” no Facebook apenas os textos sobre filmes que
você gosta, valorize o esforço do profissional que você respeita. O crítico
passa horas trabalhando cada frase de sua análise, muitas das vezes sem
remuneração alguma, pensando apenas em entregar um material de qualidade pros
leitores. O carinho do leitor é um tremendo estímulo diário.
– A pior coisa que se pode pedir a um escritor é que ele
substitua a arte da preparação de um texto por uma gravação em vídeo. Qualquer
um pode se colocar diante de uma câmera e ficar se repetindo sobre como o filme
x o emocionou, mas não há pirotecnia visual da melhor edição que emocione mais
do que a leitura de uma frase bem trabalhada.
– Busque a fidelidade consciente de jovens adultos de 8 a 80
anos, não a adulação de infantilizados pré-adolescentes fascinados por sua
participação em “tretas”. Seja mais lúcido, inclusive ao tratar de eventuais
temas mais polêmicos. O crítico arrogante pode arregimentar um exército, mas
está fadado ao descrédito.
– Caso esteja começando na área, não se intimide com o número de seguidores de um
crítico popular, pense que os youtubers teens conquistam multidões, milhões de
inscritos, mas são intelectualmente equivalentes a uma ervilha. Não tente ser
um “crítico amoeba” (risos), não siga tendências para agradar outrem, faça seu
trabalho com seriedade.
– Finalizando, uma dica para leitores e aqueles que pretendem
começar na crítica: respire cinema, novo e antigo, de todos os gêneros, da hora
em que acorda até a hora de dormir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário