O Plano de Maggie (Maggie's Plan - 2015)
A roteirista/diretora Rebecca Miller tem poucos e bons
trabalhos no currículo, “O Mundo de Jack e Rose” é uma pérola pouco conhecida, “O
Tempo de Cada Um”, “Angela: Nas Asas da Imaginação” e “A Vida Íntima de Pippa
Lee”, são acima da média, e, acima de tudo, mostram uma artista segura e com
algo a dizer. Com “O Plano de Maggie” ela arrisca tocar no terreno mainstream,
mantendo o espírito indie, cometendo o erro de não satisfazer plenamente os
dois tipos de público, despertando o pior dos sentimentos: a apatia. A
espontaneidade dos projetos anteriores se perde em um esforço calculado para
adequar o estilo indie à pobreza de texto das comédias românticas
convencionais, defendidas por personagens vazios, na busca óbvia de nivelar por
baixo para expandir as possibilidades comerciais do filme.
Miller não tem o talento de um Woody Allen, que consegue
inserir diálogos inteligentes e referências refinadas em um contexto popular. E
ela conscientemente tenta travar diálogo com Allen, existem sequências que
parecem saídas diretamente de suas produções, mas carecem de alma, o texto não
ajuda. O senso de humor é, por conseguinte, previsível e debruçado em
repetições tolas, por vezes apelando incoerentemente para piadas grosseiras. Greta
Gerwig vive a protagonista (em teoria) segura de si e que acaba se descobrindo
escrava de suas próprias contradições ao buscar ser mãe solteira, mas sua
atuação está sempre um tom acima, beirando a caricatura, prejudicando a imersão
do espectador já nas primeiras cenas. Julianne Moore e Ethan Hawke equilibram o
jogo, mas o ritmo canhestro da trama, que já dá um solavanco abrupto nos
primeiros vinte minutos e manda para o espaço o elemento da credibilidade, minimiza
o efeito de algumas boas situações. A câmera nervosa, provavelmente mais uma
tentativa pouco sutil de transparecer personalidade, distrai ainda mais a
atenção, recurso desnecessário para uma trama tão singela.
Está longe de ser uma tragédia, mas tem seu potencial
desperdiçado irresponsavelmente ao tentar agradar gregos e troianos.
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