quinta-feira, 21 de maio de 2015

"O Enigma do Horizonte", de Paul W. S. Anderson


O Enigma do Horizonte (Event Horizon – 1997)
O ano é 2047. Alguns anos atrás, a pioneira nave de pesquisa Event Horizon desapareceu sem deixar vestígio. Agora, um sinal foi detectado e o Comando Aeroespacial dos Estados Unidos responde. Em busca da origem do sinal está um destemido capitão (Laurence Fishburne), sua tropa de elite e o designer que projetou a nave perdida (Sam Neill). Sua missão: encontrar e resgatar a espaçonave de última geração. Mas o que eles encontram é o terror de última geração; eles precisam resgatar suas próprias vidas, pois alguém, ou alguma coisa, está prestes a envolvê-los em uma nova dimensão de pavor inimaginável.


É possível que os cinéfilos mais dedicados tenham percebido uma possível homenagem a esse filme no recente “Interestelar”. Talvez seja só uma coincidência, porém, a explicação dada pelo cientista, vivido por Sam Neill, para a teoria da dobra do espaço tempo, com uma caneta perfurando uma folha de papel dobrada, é exatamente igual à cena da obra superestimada de Christopher Nolan. Esse filme pouco lembrado, do diretor Paul W.S. Anderson, tem uma trama que remete aos trabalhos de H.P. Lovecraft e a “Solaris”, de Stanislaw Lem, que foi adaptado brilhantemente por Tarkovski, mas também tem referências visuais claras ao “O Planeta dos Vampiros”, de Mario Bava, por conseguinte, ao “Alien”, de Ridley Scott, ao “O Iluminado”, de Kubrick, como a cena da nave sangrando, além de uma óbvia homenagem ao “Hellraiser”, de Clive Barker, e, em sua discussão psicológica, ao “Planeta Proibido”, de Wilcox.

Enfim, uma colcha de retalhos muito bem selecionados, versando sobre o leitmotiv do sentimento de culpa dos personagens, representado pelas óbvias simbologias cristãs na nave, como sua semelhança a um crucifixo, que compõe um roteiro que se mantém, pelo menos até o inferior terceiro ato, intelectualmente instigante e eficiente enquanto suspense. A questão do fascínio pelo desconhecido, ainda que ele se apresente como uma ameaça latente, a propensão irresistível do cientista a encarar a unidade gravitacional, explorada como uma espécie de portal do inferno de Dante Alighieri, buscando ter seus estudos desafiados. A nave maldita como o produto tangível de um relacionamento fracassado, no caso, do personagem vivido por Sam Neill, uma lembrança perturbadora de sua culpa pelo fim da relação. Ao final, quando se entrega ao mal e aceita aquele inferno como sua casa, o personagem assume não ter forças para se redimir de seus erros. 

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