Comando Negro (Dark Command – 1940)
Reunindo o casal do importante “No Tempo das Diligências”,
Claire Trevor e John Wayne, como garantia de sucesso com o público, essa
produção foi a mais cara dos estúdios Republic Pictures, que despejava nas
salas grande quantidade de faroestes B, feitos de forma rápida e com baixíssimo
orçamento. Ao entregar a direção nas mãos do competente Raoul Walsh, o produtor
Herbert J. Yates afirmava a confiança que depositava no material original, o livro
homônimo de W.R. Burnett, um dos mais respeitados escritores de sua época.
No intuito de satisfazer ainda mais os fãs do gênero, ele
escalou o “Rei dos Cowboys”: Roy Rogers, que lotava as sessões de seus filmes,
fazendo questão de colocar ele como parceiro de armas do personagem de Wayne. Com
dois heróis míticos das telas, o projeto precisava de um vilão à altura, alguém
que oferecesse perigo físico e mental. Walter Pidgeon, um excelente ator
veterano do cinema mudo, que faria no ano seguinte: “Como Era Verde o Meu Vale”,
foi escalado no papel do professor gentil que se vê transformado em um bandido,
quando perde uma eleição para delegado, vencido pelo personagem de Wayne, um
texano analfabeto, o que o faz reavaliar sua conduta e seus valores. Um papel
inspirado no caso real de um confederado que se tornou um guerrilheiro
saqueador.
Após um primeiro ato conduzido com encantadora leveza e
humor, com alguns momentos hilários protagonizados pelo dentista/cabeleireiro/cirurgião,
vivido por George Hayes, o roteiro engata um crescendo de ação, com direito a
cenas impressionantes, como a queda de uma carroça de um desfiladeiro, mérito do
lendário dublê Yakima Canutt. O tiroteio final, onde toda a cidade se junta no
confronto, é visualmente impactante. A direção de Walsh, um dos diretores mais
competentes, ainda que injustamente pouco citado hoje em dia, elemento decisivo
na atemporalidade da obra, consegue manter um ritmo contagiante do início ao
fim, com alívios cômicos na medida certa. Wayne pode ter ganhado fama no ano
anterior, com o já citado clássico de John Ford, porém, foi com seu papel nesse
filme, exercitando maior segurança em cena, equilibrando imponência e humor,
que o Duke garantiu seu lugar no olimpo do faroeste.
* O filme está sendo lançado pela distribuidora “Versátil”, na
caixa “Cinema Faroeste”, que conta também com: “Audazes e Malditos”, “O Homem
Que Luta Só”, “Almas em Fúria”, “Paixão Selvagem” e “Reinado do Terror”.
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