Tirem o Sorriso do Rosto (Hide Your Smiling Faces - 2013)
Daniel Patrick Carbone busca inspiração na abordagem da
morte pelos olhos das crianças, em “O Espírito da Colméia”, de Víctor Erice,
mas também na composição imagética da nostalgia executada por Terrence Malick
em “A Árvore da Vida” e, especialmente, no filme “Conta Comigo”, de Rob Reiner,
nesse seu primeiro projeto como diretor, no que tudo indica que será uma
carreira promissora.
A trilha sonora sombria de Robert Donne, em seu segundo trabalho, surpreende
pela segurança ao conseguir criar uma atmosfera de mistério que complementa e
potencializa o universo onírico dos adolescentes, auxiliado pela fotografia de Nick Bentgen, que
abusa dos tons verdes, símbolo da força vital. Eric (Nathan
Varnson), Tommy (Ryan Jones) e Ian (Ivan Tomic), exploram os arredores de sua
cidade rural como se estivessem no jardim do Éden (seria coincidência o filme
iniciar com a imagem de uma serpente?), desafiando o medo constantemente ao
flertar com o desconhecido, conquistando a simpatia do espectador logo nos
primeiros momentos.
O uso frequente da voz over auxilia no processo de distanciamento necessário
para que absorvamos o ponto de ruptura narrativo, uma tragédia anunciada que
irá impulsionar os irmãos à maturidade. A dor silenciosa que os acompanha enquanto procuram lidar com a
solidão, mais recompensador que uma trama formulaica, entrega uma experiência
de imersão no psicológico dos personagens. Por mais que pareça “papo cabeça
chato”, não te faz checar a hora no relógio em nenhum momento durante a sessão.
A sensação é de que existe perigo em cada atalho no caminho dos meninos. O
diretor é competente o bastante para trabalhar o ritmo, evitando a passividade
de quem assiste, instigando a nossa imaginação, tornando-nos co-roteiristas. E
quando as luzes se acendem, o filme continua sendo processado em sua mente.
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