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O Retorno de Jedi (Return of The Jedi – 1983)
A ideia inicial do roteirista Lawrence Kasdan, de matar Han
Solo logo no primeiro ato, em um gesto de sacrifício pela rebelião, poderia ter resultado
em uma trama verdadeiramente interessante. Diferente do anterior, não há um
senso de perigo real para os personagens, um problema narrativo intensificado
pela excessiva atenção dedicada aos adoráveis Ewoks. Ao invés de seguir
naturalmente o tom estabelecido após vários eventos traumáticos, George Lucas
optou por abraçar a necessidade de mercado, em detrimento da coerência de sua
história, entregando um produto infantilizado. O original era uma aventura
adulta, com referências de seriados de cinema infanto-juvenis, enquanto “O
Retorno de Jedi” era pensado totalmente para o público infantil, um direcionamento
que já vinha sendo sinalizado nas versões em quadrinhos da Marvel, com destaque
para o famigerado coelho gigante verde Jaxxon.
Após trinta minutos focados no resgate de Han, sequência arrastada
que ficou pior ainda na versão mais recente, com a inclusão do terrível interlúdio
musical em CGI: “Jedi Rocks”, o segundo ato peca por não ter ritmo algum, com a
revelação do parentesco entre Luke e Leia fazendo uso generoso de diálogos
expositivos, o impacto da morte de Yoda sendo ofuscado por uma genérica
aparição de Obi-Wan Kenobi, reafirmando o que já havia sido estabelecido
minutos antes. Até hoje não entendo como Boba Fett não reconheceu Lando infiltrado
no palácio de Jabba. São detalhes que enfraquecem a necessária conexão emocional.
O conceito de reutilizar a Estrela da Morte, uma cópia preguiçosa da fórmula do
original, torna todo o plano do Imperador ainda mais incoerente. A ideia de
stormtroopers sendo abatidos com pedrinhas em atiradeiras pode funcionar
teoricamente, como uma metáfora da natureza primitiva se voltando contra a
tecnologia, mas na prática soa absurda demais até para os padrões de uma
fantasia espacial.
O pouco experiente diretor Richard Marquand, um honorável
laranja na produção, não tinha pulso firme para conter os arroubos criativos do
criador da obra. Qualquer peça no tabuleiro que pudesse prejudicar a venda de
brinquedos era rejeitada, como o desfecho melancolicamente solitário de Luke e a
visão inicial para os Ewoks, que seriam asquerosos reptilianos, porém acabaram
se tornando uma variação dos ursinhos carinhosos. A única seção do filme que
realmente funciona no nível dos anteriores é o derradeiro confronto entre Luke e
seu pai. Um momento épico que infelizmente é minimizado, equivocadamente inserido
em uma confusa sequência de eventos, com a emoção sendo brutalmente
interrompida para que possamos admirar as peripécias dos ursinhos atrapalhados,
essa turminha do barulho que apronta altas confusões em Endor. Essa escala
grandiosa acabou sendo repetida, anos depois, no desfecho de “A Ameaça Fantasma”,
mostrando que o diretor não aprendeu com o erro. A verdadeira nova esperança é
que, com os próximos filmes construídos longe de seu criador, o público possa
ser, enfim, surpreendido com tramas que capturem o senso de aventura do
original e o senso de perigo de “O Império Contra-Ataca”.
***
A editora Aleph, que irá lançar várias obras do universo
expandido de Star Wars, iniciou essa parceria em grande estilo, com o ótimo “Herdeiro
do Império”, o primeiro volume da consagrada trilogia escrita por Timothy Zahn,
contando o que ocorreu cinco anos após os eventos mostrados em “O Retorno de
Jedi”. O livro é essencial na estante de todos os fãs da saga de George Lucas.
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