Link para os textos do especial:
Quem diria que Bobby Herbeck, responsável pelo texto de alguns episódios da série “Super Vicky”, aquela androide com aparência de menina, criaria a história dessa boa adaptação dos quadrinhos violentos criados por Kevin Eastman e Peter Laird?
As Tartarugas Ninjas (Teenage Mutant Ninja Turtles – 1990)
Eu disse “boa”? Com a recente bomba produzida
pelo veterano de bombas: Michael Bay, eu posso afirmar com segurança que o
original foi alçado à categoria de “ótima” adaptação. Como esquecer a beleza da
April O’Neill vivida por Judith Hoag? Fiquei triste quando trocaram a atriz no
segundo filme. O roteiro tem vários furos e situações bizarras, porém
transporta com fidelidade o clima sombrio dos quadrinhos. Algo que se perdeu
nas duas inferiores continuações.
E quem viveu a época, quem era criança no início da década
de noventa, sabe o impacto desses personagens na cultura pop. Eu era viciado em
jogar no Phantom System o clássico da Nintendo, depois cansei de zerar o “Turtles
in Time”, no Super Nintendo. Eu tinha os bonecos dos personagens, tive
lancheira e camiseta, tive até uma tartaruga chamada Donatello. Mas, por
incrível que pareça, odiei esse filme na época. Eu ficava deprimido com a subtrama
do Rafael se sentindo rejeitado e, especialmente, aquela do mestre Splinter
acorrentado no QG dos vilões. A fita chegava nessa parte, eu deixava o filme
rolando e ia passar um tempo na sala, somente voltando quando já estava quase
no final. E, cá com meus botões, penso: não teria sido mais fácil apertar o FF?
Coisas de criança, que voltaram em minha mente enquanto revia a fita para esse
texto.
Produzida pela Golden Harvest, clássico lar de Bruce Lee e
Jackie Chan, a direção ficou a cargo de Steve Barron, especialista em clipes
musicais, responsável pelo icônico “Billie Jean”, de Michael Jackson, que anos
depois faria outra pérola que será abordada nesse especial: “Cônicos e Cômicos”.
O trabalho impecável da equipe de Jim Henson, eficiente até hoje, mostra que a
computação gráfica moderna ainda não conseguiu sequer igualar a competência de
um bom roteiro, com personagens interessantes. O efeito é ajudado pela
iluminação realista, que deixa tudo com um aspecto de sujo, diferente dos tons
claros e coloridos das continuações. As lutas, elemento essencial na obra,
também são coreografadas de forma brutal, deixando claro que os heróis podem
realmente sair feridos. O vilão Destruidor, que promete uma intensa batalha
final, que o roteiro não cumpre, acaba triturado num compactador de lixo. Essa
atitude acabou incomodando os patrocinadores, já que o resultado estava mais
próximo do primeiro “Batman” de Tim Burton, que do leve desenho animado que
passava nas manhãs da Rede Globo.
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