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A Fúria do Dragão (Jing Wu Men – 1972)
Quando Chen Zhen descobre que seu venerado mestre foi morto
em circunstâncias misteriosas, decide viajar para Xangai, para participar do
funeral, mas logo começa a investigar as causas da morte, deparando-se com uma
intriga, envolvendo escolas de artes marciais, lutando violentamente até
conseguir vingar-se dos assassinos.
Considero essa produção da Golden Harvest o melhor trabalho
de Bruce Lee, aquele que melhor transmite sua habilidade como ator e como
artista marcial, com um roteiro correto e uma direção elegante de Lo Wei, além
de um desfecho profundo em simbologia e que resume a essência de sua
importância na história da Sétima Arte, a coragem de um jovem que seguiu seu
sonho e, em pouco tempo, fez o mundo reverenciar seu talento. Seu personagem,
baseado em Liu Zhensheng, principal aluno do tradicional herói chinês Huo
Yuanjia, pressionado a se render às autoridades, diferente da atitude de seu
personagem no anterior “O Dragão Chinês”, ele decide que irá sair de cena
atacando sem medo, exatamente como viveu, coerente aos seus princípios até o
fim. Como a letra da empolgante música-tema sublinha, assim que ocorre o freeze
frame, aquela era a despedida de um herói que representava o renascimento dos
conceitos ultrapassados de honra e cavalheirismo, algo muito próximo da
filosofia do próprio Lee. Um momento emocionante com forte inspiração no
desfecho clássico de “Butch Cassidy”, lançado alguns anos antes.
O sucesso do projeto foi o responsável pelo despertar
definitivo do Kung-Fu como fenômeno popular na América, que lucrou com o tema
em diversos formatos, como na série de David Carradine, pensada inicialmente
como um veículo para Lee. Até mesmo nos quadrinhos, com o personagem: “Mestre
do Kung-Fu”, um dos motivos principais que me fazia correr até a banca para
comprar o gibi “Superaventuras Marvel”. Nunca me esquecerei da sensação ao
assistir pela primeira vez a cena, sem cortes, do confronto entre Lee e os estudantes na escola rival, um marco no gênero, que redefiniu a direção das
coreografias de luta. A intensidade que ele conseguia transmitir ao estalar os
ossos da mão, deixando transparecer que havia uma razão forte para que ele
estivesse agindo daquela forma, aliada à agilidade de seus movimentos, criaram
o mito. Muitos tentaram copiar, sem sucesso.
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