domingo, 8 de fevereiro de 2015

Ingmar Bergman - "A Hora do Lobo"

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A Hora do Lobo (Vargtimmen – 1968)
Um pintor e sua esposa vão morar em uma ilha bastante afastada da sociedade. Lá, em meio a intensos conflitos psicológicos, o casal conhece um misterioso grupo de pessoas que passa a trazer angústias ainda maiores às suas vidas, levando-os a relembrar fatos passados e questionar a própria lucidez.


A hora do lobo, o momento na madrugada em que muitas almas encontram o repouso final e outras despertam, tormento dos insones e daqueles cuja consciência pesa intranquila. Pessoas como Johan Borg, vivido por Max von Sydow, um pintor que busca inspiração para sua Arte, porém descobre-se perseguido por erros do passado. Sua esposa Alma, vivida por Liv Ullmann, guarda em seu ventre um ser puro, ainda intocado pela maldade, livre. O casal vive distante da sociedade, confinados em suas próprias almas. Acredito que Stephen King tenha utilizado esse filme como referência para seu livro: “O Iluminado”, pois tanto Borg quanto Torrance são artistas em crise, que se isolam e enfrentam fantasmas que os atormentam e os levam gradativamente à loucura.

Bergman realiza essencialmente uma obra de terror, que possibilita diversas interpretações. Você pode vê-la como uma alegoria criativa sobre os efeitos da culpa em um ser humano, enxergando os vizinhos do castelo como projeções de uma mente intensamente perturbada, ou como um elegante filme sobre vampiros. Georg Rydeberg é quase um sósia de Bela Lugosi, o que não é mera coincidência. O diretor primava por deixar implícito o distúrbio mental de um personagem, porém, em “A Hora do Lobo”, ele faz questão de traduzir esse distúrbio em imagens perturbadoras, como se, pela primeira vez, com o auxílio de truques de câmera e maquiagem, estivesse decidido a fazer o público sentir o mesmo que o personagem, o objetivo essencial de todos os bons filmes de terror. Como em seu irmão cinematográfico: “Persona”, a trama incita o questionamento sobre se aquela realidade vivida pelos personagens, até mesmo o espaço em que eles habitam, sendo, por vezes, explicitamente filmado de forma surrealista, existe ou é fruto do distúrbio. 

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