sábado, 29 de julho de 2017

"Beau", o lindo poema que James Stewart escreveu para seu cão


Beau

"Ele nunca vinha para mim quando eu chamava,
A menos que eu tivesse uma bola de tênis,
Ou ele sentisse vontade,
Mas, na maior parte das vezes, ele não vinha.

Quando ele era jovem,
Ele nunca aprendeu a andar,
Ou sentar, ou ficar,
Ele fez as coisas do jeito dele.

Disciplina não era seu forte,
Mas quando você estava com ele, as coisas certamente não se tornavam chatas.
Ele desenterrou um rosal apenas para me irritar,
E quando eu o agarrava, ele se virava e me mordia.

Ele mordeu muitas pessoas no dia a dia,
O garoto das entregas era sua presa favorita.
O homem do gás não lia nosso medidor,
Ele disse que tínhamos um verdadeiro "comedor de homens".

Ele incendiou a casa,
Mas a história é longa para contar.
Basta dizer que ele sobreviveu,
E a casa também sobreviveu.

Nos passeios noturnos, Gloria o levava,
Ele sempre era o primeiro a sair pela porta.
O Velho e eu, voltávamos na retaguarda
Porque nossos ossos estavam doloridos.


Ele corria pela rua com a mãe dele segurando firme a coleira,
Que lindo par eles eram!
E se ainda estivesse claro o dia e os turistas passeando,
Eles garantiam um pouco de agitação.

Mas, de vez em quando, ele parava em suas trilhas,
E, com a testa franzida, olhava em volta.
Era só para ter certeza de que o Velho estava junto,
E que o seguiria para onde ele precisasse ir.

Nós dormimos cedo em nossa casa -
Acho que sou o primeiro a deitar.
E, enquanto eu deixava a sala, ele me olhava,
E levantava-se do seu cantinho junto ao fogo.

Ele sabia onde as bolas de tênis estavam no andar de cima,
E eu lhe dava uma de vez em quando.
Ele a empurrava debaixo da cama com o nariz,
E eu buscava de volta com um sorriso.



E, em pouco tempo,
Ele se cansava da bola.
E ficava dormindo em seu canto,
Sem perder tempo.

E havia noites em que eu o sentia,
Subindo em nossa cama,
E deitando entre nós,
E eu acarinhava sua cabeça.

E houve noites em que eu sentia aquele olhar.
E eu acordava e ele estava lá sentado.
E eu estendia a mão e acariciava seu pelo.
E às vezes eu sentia ele suspirar,
E acho que eu sabia o motivo.


Ele acordava no meio da noite,
E ele tinha esse medo,
Do escuro, da vida, de muitas coisas,
E ele ficava feliz de saber que podia contar comigo.

E agora ele está morto.
E há noites em que eu acho que o sinto,
Subindo em nossa cama e deitando-se entre nós,
E eu acariciando sua cabeça.

E há noites em que eu penso,
Eu sinto aquele olhar fixo.
E eu estendo a mão para acariciar seu pelo,
Mas ele não está lá.

Oh, como eu gostaria que não fosse assim,
Eu sempre amarei um cão chamado Beau."
Comentários
4 Comentários

4 comentários:

  1. Belíssimo post Octavio Caruso, que sentimento esse poema, sensacional a transcrição na íntegra... viajamos nas palavras.

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  2. Beaú era uma pessoa! Poema belo, daqueles extraídos das profundezas de uma alma que sente saudade e pesar.

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