Link para os textos do especial:
A Flor do Pântano (Tammy and The Bachelor – 1957)
Não consigo ver esse filme, dirigido por Joseph Pevney, sem sentir a nostalgia da época
em que ele passava na “Sessão da Tarde”. É um romance puro, não tão ingênuo
quanto sua fama faz parecer, com um belo tema musical de Jay Livingston e Ray
Evans que gruda na mente e que eu escutava em um LP da minha avó. É o símbolo
da época de ouro em que a televisão aberta presenteava os espectadores com
material dessa qualidade em um horário onde a família inteira podia ver
reunida. Quem nunca se apaixonou por Debbie Reynolds? Eu já havia me apaixonado
por ela em “Cantando na Chuva”, mas a personalidade de sua personagem em “A
Flor do Pântano”, uma lolita do interior, era irresistível.
A mensagem é
simples, o clássico “não julgue alguém por sua aparência”, mas o que cativa é a
execução, a química entre ela e o rapaz da cidade grande, vivido por Leslie
Nielsen, um ano depois de sua participação no sci-fi: “Planeta Proibido”. Ao
ser levada a deixar sua existência confortável no pântano com o avô, vivido por
Walter Brennan, a jovem Tammy encontra moradia na mansão de um piloto mais
velho, mas, com seu olhar aguçado e sua expressividade franca, acaba induzindo
toda a família a enfrentar seus medos escondidos pelo véu do status social
elevado. Nos diálogos cômicos, a ousadia que vencia a censura com inteligência,
como na sequência em que os pais do rapaz são levados a crer que a menina é uma
prostituta. O elemento da sexualidade está sempre presente, faz parte do
amadurecimento da protagonista, com essa descoberta representada metaforicamente
pela jornada dela nesse mundo novo. Quando ela surpreende a todos com um
monólogo nascido de suas experiências únicas no pântano, em uma encenação de
época na mansão para um grupo de visitantes, o piloto enxerga pela primeira vez
a mulher fantástica que se escondia por trás daquele ser frágil que ele
protegia até então. Ele troca a sofisticação vazia de sua namorada pela riqueza
que encontra na verdade da menina, uma qualidade mal articulada, mas intensa.
A
trama tinha tudo pra ser sentimental em excesso, mas a escolha por retratar
Tammy como uma força orgânica da natureza faz com que todas as suas atitudes
soem críveis e encantadoras.
* O filme, até então inédito em nosso home video, está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Obras-Primas do Cinema".
* O filme, até então inédito em nosso home video, está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Obras-Primas do Cinema".
Lembro tanto de ouvir falar desse filme na minha infância, mas nunca o vi. Consegui o CD com Debbie Reynolds cantando o tema "Tammy", mas espero encontrar o DVD numa próxima ida ao Brasil. Seu artigo me instigou mais ainda! Thanks!
ResponderExcluir