sábado, 13 de junho de 2015

"Rede de Intrigas", de Sidney Lumet


Rede de Intrigas (Network – 1976)
Quando o veterano jornalista Howard Beale (Peter Finch) é demitido, ele sofre um violento colapso nervoso diante das câmeras. Mas, depois que os seus enfraquecidos números de audiência sobem por causa das suas críticas ferozes, ele é readmitido e reinventado como o "profeta louco das ondas da TV". Evidentemente, quando o tal "profeta" perde a capacidade de seduzir o público, alguma providência tem que ser tomada contra ele. De preferência, diante das câmeras e com uma plateia dentro do estúdio.

O filme de Sidney Lumet mostra os reais interesses que existem por trás de qualquer programação televisiva, com uma visão assustadoramente atual e pungente sobre os limites (ou falta de) do bom senso e da ética. Os diálogos escritos genialmente por Paddy Chayefsky são verdadeiras catarses, estimulando aplausos até mesmo naqueles que assistem ao filme hoje no conforto de seus sofás. O que era considerado uma fábula que instigava a vigilância, pode ser percebido como a realidade de hoje, com o sensacionalismo dominando as estações de televisão, dos programas de auditório ao jornalismo. Fica claro que ninguém se importa mais com valores, quando chegamos ao ponto de uma criança pode ligar a televisão de manhã e assistir um absurdo teste de fidelidade. Não importa mais o nível da baixaria, contanto que represente melhores índices de audiência. O entretenimento é apenas uma desculpa para vender produtos nos intervalos comerciais. A caixa, como o personagem de Peter Finch chamava, apenas ficou maior e mais fina, mas o que ela representa continua sendo, em grande parte, o lado desprezível do ser humano.

O espetáculo da priorização das estatísticas de audiência, em detrimento dos códigos morais do indivíduo. O roteiro profetizava o aumento vertiginoso daqueles que celebram a vergonha alheia, alimentando um bando de abutres cada vez menos criteriosos, um povo que abraça o sensacionalismo barato e rejeita a elegância. A televisão, diferente do cinema e do teatro, tem o poder de vulgarizar a complexidade das relações humanas, ela estimula a banalização, o falso intimismo, o que, em longo prazo, insensibiliza o espectador, tornando-o presa fácil para a manipulação. 

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