segunda-feira, 25 de julho de 2016

"Life - Um Retrato de James Dean", de Anton Corbijn


Life – Um Retrato de James Dean (Life – 2015)
É complicado perceber que Anton Corbijn, o mesmo diretor dos ótimos “O Homem Mais Procurado” e “Control”, conseguiu estragar uma história interessante protagonizada por um dos nomes mais adorados do panteão cinematográfico. A trama arrastada não é favorecida pelas equivocadas escolhas de elenco nos papéis principais: Robert Pattinson, ator bastante limitado que confunde a angústia existencial/profissional com permanente apatia, e Dane DeHaan, claramente intimidado com a responsabilidade de interpretar James Dean, reduzindo todas as nuances de temperamento do jovem a uma confortável exibição caricatural de irritante sorumbatismo.

Por se tratar de um evento real pouco conhecido até mesmo pelos cinéfilos, o apelo do tema é tremendo, o relato de como um fotógrafo enxergou nas idiossincrasias fascinantes de um ator desconhecido os traços comportamentais que poderiam ser abraçados pela juventude norte-americana, propondo a ele um ensaio de destaque na revista mais respeitada da época, indo contra seu superior e até mesmo o homenageado, que não compreendia aquele súbito interesse por sua vida. Dennis Stock é a âncora emocional do projeto, em teoria, somos conduzidos a longas passagens retratando sua vida pessoal, a intenção é fazer o público se importar com ele, mas nem mesmo a curiosidade nostálgica compensa a frustrante constatação de que o rapaz parece apenas reagir timidamente aos rumos do vento narrativo, consequência do texto preguiçosamente trabalhado. Na prática, esses dois, como mostrados na obra, não conseguiriam manter uma única conversa de botequim minimamente espirituosa. O conceito do garoto introvertido e avesso à mitificação artística, que morreu jovem e posteriormente foi transformado em um produto mundialmente consumido, ícone da cultura pop, nunca é aprofundado.

Um corte mais objetivo beneficiaria consideravelmente o produto final, o ritmo não é somente irregular, beira o desleixo amador, como se o próprio realizador não tivesse segurança com o material. A pena é que o roteiro de Luke Davies traz algumas ideias muito boas, há um potencial que poderia ter sido lapidado por uma abordagem mais passional. Quando o executivo do estúdio questiona Dean sobre seu interesse em ser um astro, irritado com o desprezo do ator em fazer o jogo social que movimenta a indústria, a resposta é um debochado silêncio. Esse breve momento despretensioso revela mais sobre o personagem do que todas as cenas posteriores conduzidas com mão pesada, defendidas por diálogos improváveis e maneirismos forçados que desviam frequentemente a atenção do espectador.

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