Life – Um Retrato de James Dean (Life – 2015)
É complicado perceber que Anton Corbijn, o mesmo diretor dos
ótimos “O Homem Mais Procurado” e “Control”, conseguiu estragar uma história
interessante protagonizada por um dos nomes mais adorados do panteão
cinematográfico. A trama arrastada não é favorecida pelas equivocadas escolhas
de elenco nos papéis principais: Robert Pattinson, ator bastante limitado que
confunde a angústia existencial/profissional com permanente apatia, e Dane
DeHaan, claramente intimidado com a responsabilidade de interpretar James Dean,
reduzindo todas as nuances de temperamento do jovem a uma confortável exibição
caricatural de irritante sorumbatismo.
Por se tratar de um evento real pouco conhecido até mesmo
pelos cinéfilos, o apelo do tema é tremendo, o relato de como um fotógrafo enxergou
nas idiossincrasias fascinantes de um ator desconhecido os traços
comportamentais que poderiam ser abraçados pela juventude norte-americana,
propondo a ele um ensaio de destaque na revista mais respeitada da época, indo
contra seu superior e até mesmo o homenageado, que não compreendia aquele
súbito interesse por sua vida. Dennis Stock é a âncora emocional do projeto, em
teoria, somos conduzidos a longas passagens retratando sua vida pessoal, a
intenção é fazer o público se importar com ele, mas nem mesmo a curiosidade
nostálgica compensa a frustrante constatação de que o rapaz parece apenas
reagir timidamente aos rumos do vento narrativo, consequência do texto
preguiçosamente trabalhado. Na prática, esses dois, como mostrados na obra, não
conseguiriam manter uma única conversa de botequim minimamente espirituosa. O
conceito do garoto introvertido e avesso à mitificação artística, que morreu
jovem e posteriormente foi transformado em um produto mundialmente consumido,
ícone da cultura pop, nunca é aprofundado.
Um corte mais objetivo beneficiaria consideravelmente o
produto final, o ritmo não é somente irregular, beira o desleixo amador, como
se o próprio realizador não tivesse segurança com o material. A pena é que o
roteiro de Luke Davies traz algumas ideias muito boas, há um potencial que
poderia ter sido lapidado por uma abordagem mais passional. Quando o executivo
do estúdio questiona Dean sobre seu interesse em ser um astro, irritado com o
desprezo do ator em fazer o jogo social que movimenta a indústria, a resposta é
um debochado silêncio. Esse breve momento despretensioso revela mais sobre o
personagem do que todas as cenas posteriores conduzidas com mão pesada,
defendidas por diálogos improváveis e maneirismos forçados que desviam
frequentemente a atenção do espectador.
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