A Confissão (L'Aveu - 1970)
Nesta história real, Costa-Gavras nos apresenta um tratado
contra o totalitarismo. O sofrimento de Arthur London (Yves Montand), um
oficial tcheco comunista que, em 1951, enfrenta o cruel dilema: sacrificar-se
ou confessar crimes que não cometeu, pelo bem de seu partido.
O filme inicia como um thriller político, com o
protagonista percebendo estar sendo vigiado por estranhos onde quer que vá, mas
assim que o herói Kafkiano (assim como em "O Processo", London se vê
pagando um crime que desconhece que cometeu) inicia seu calvário, sendo
algemado, vendado e forçado a caminhar em uma cela, o roteiro procura nos fazer
sentir sua fome, sua sede e sua angústia por tentar conquistar alguns minutos
de sono. Seus carrascos clamam por uma confissão. O homem acredita a princípio
que seu partido irá libertá-lo, porém acaba descobrindo que seus colegas também
querem que ele confesse, fazendo-o entender que apoiar sua ideologia íntegra no
podre sistema político, significa estar sempre sozinho. Pouco a pouco, seu
caráter vai se curvando perante a brutalidade da tortura física e psicológica
que sofre, levando-o a confessar inverdades, que são ainda mais distorcidas por
seus algozes. No mundo exterior, sua esposa, vivida pela esposa de Montand,
Simone Signoret, sofre ao ver que se tornou uma pária da sociedade, graças às
manipuladas confissões que seu marido é forçado a revelar.
A forma como o diretor evidencia a cruel criatividade dos
torturadores e a transformação física (e, ainda mais interessante, a
psicológica) do protagonista, são os pontos altos da obra. Outro aspecto
interessante é sua edição, que insere cenas reais de Stalin e da invasão da
Tchecoslováquia em 1968. Menos acessível que seu filme anterior ("Z"
- 1969), mas tão corajoso quanto. Um cineasta que merecia ser mais reconhecido
pelos jovens cinéfilos.
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